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13/04/17 |   Estudos socioeconômicos e ambientais

Cana e alimentos, crescendo juntos

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Foto: Paulo Lanzetta

Paulo Lanzetta -

Não há evidências de que o plantio de cana venha prejudicando a produção de alimentos no Brasil. Pelo contrário, tanto a cana quanto os alimentos em geral vêm crescendo muito e a taxas semelhantes. É fato que, se em São Paulo a cana cresceu mais e vem ocupando terras de gado e grãos, essa redução de área e de volume de produção tem sido compensada por maior crescimento dos grãos e da produção animal nos demais estados da região sudeste e das demais regiões.

Essas tendências estão apontadas em estudo realizado pela equipe de estatística agrícola da Secretaria de Gestão Institucional da Embrapa, que analisou o comportamento da produção de grãos, carnes e leite em comparação com a produção de cana, ao longo de duas décadas, precisamente entre os anos 1990 e 2009.

Os estudos foram motivados por críticas feitas ao etanol no Brasil, em 2007, pelo relator da ONU para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, e pelo presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, para quem o crescimento dos canaviais reduzia a área de produção de alimentos e era responsável pela alta de preços das commodities agrícolas no período. As criticas foram prontamente respondidas politicamente pelo Governo Brasileiro, mas mostraram a necessidade de análises com maior rigor técnico.

Para avaliar se a produção de cana estava afetando a produção dos alimentos, os pesquisadores da Embrapa decidiram então comparar a evolução da produção da cana e da produção grãos, carnes e leite ao longo de 20 anos, para ver se estavam evoluindo no mesmo ritmo e intensidade. 
Para isto eles criaram um índice de produção para cana, grãos (arroz, feijão, milho, soja e trigo), bovinos, suínos, frangos e leite, baseado na diferença entre a produção de cada ano e a produção mínima (saldo do ano), e na diferença entre a produção máxima e produção mínima (saldo máximo). Dividindo o saldo de cada ano pelo saldo máximo, eles obtiveram uma espécie de “percentagem” da produção de cada ano em relação ao saldo máximo. A fórmula de cálculo, bem simples, está na introdução do estudo.

O estudo traz então dois tipos de tabelas: uma que compara, ano a ano, o índice de produção da cana com o dos grãos e a outra que compara simultaneamente os índices de produção da cana e do leite, dos bovinos, suínos, frangos. No caso de aves e animais, o estudo considera o número de cabeças, em lugar da produção de carne.

Com esses índices de produção os pesquisadores elaboraram gráficos que permitem visualizar melhor o que aconteceu com cada cultivo e criação ao longo dos anos, se há diferenças no ritmo e intensidade com que se desenvolveram. O gráfico do Brasil, onde se compara a cana e os grãos mostra que seus índices de produção crescem no mesmo ritmo e intensidade, à medida que os anos passam. 

 

Brasil
Índices de produção de grãos e cana

 

O mesmo é verdade na comparação entre a cana e a produção animal, em que a evolução dos índices de produção tem comportamento semelhante. A única alteração digna de nota refere-se ao índice de produção dos suínos que, entre 1995 e 96, despenca de 80 para próximo de zero, mas logo depois retoma seu vigor, crescendo no mesmo ritmo da cana.

 

Brasil
Índices de volume para cinco produtos

 

Quando se olha os gráficos com os índices de produção da cana e da produção animal das cinco regiões, eles se parecem com o gráfico do Brasil, particularmente os das regiões Sudeste e Centro-Oeste. A diferença está na produção de suínos: no sul, o crescimento dos índices de produção é constante, sem quedas abruptas; no Norte e Nordeste, no biênio 95-96, há uma queda abrupta nos índices de produção de cerca de 100 para 25, e a partir daí vai caindo suavemente até próximo de zero.

Os gráficos da comparação da cana com os grãos em todas as regiões também mostram comportamento dos índices de produção semelhantes aos encontrados no gráfico nacional. Eles sugerem que as variações nos índices de produção se devem mais a condições climáticas ou mercadológicas que à competição entre os cultivos.

Clique aqui e veja gráficos e tabelas. 

 

Renato Cruz Silva (MTb 610/04/97v/DF)
Secretaria de Inteligência e Macroestratégia

Telefone: (61) 3448-2087

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/

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