Seminário discute homeopatia rural no universo das práticas agroecológicas
Seminário discute homeopatia rural no universo das práticas agroecológicas
Sébastien Carcelle, pesquisador da École des hautes études en sciences sociales, de Paris, realizou seminário na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), em 14 de novembro, sobre a homeopatia no universo das práticas agroecológicas e desafios para a pesquisa agropecuária brasileira. Lucimar Abreu, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, foi a debatedora e apresentará o balanço do avanço dessa pesquisa.
Foram apresentados os conhecimentos sobre a prática da homeopatia rural desenvolvida no norte de Minas Gerais, no contexto das redes sociotécnicas de agroecologia, a configuração e funcionamento da rede sociotécnica de produção, circulação de conhecimento do norte de Minas Gerais (Montes Claros), além da discussão dos desafios epistemológicos para a pesquisa agropecuária brasileira.
Conforme Lucimar, "a École des hautes études en sciences sociales (EHESS) de Paris, é uma escola de altos estudos em ciências sociais, e uma das mais renomadas em pesquisas em ciências sociais, isto é, público de caráter científico, cultural e profissional voltado para o ensino superior e a pesquisa científica".
Lucimar explica que a apresentação de Carcelle, pesquisador inscrito no programa de Doutorado na EHESS, em Etnografia e Antropologia Social é parte integrante da pesquisa desenvolvida no quadro de um programa amplo denominado "institucionalização da Agroecologia, na França, na Argentina e no Brasil", no qual a Embrapa firmou colaboração em 2015, financiada e coordenada pela Agência de Pesquisa da França.
A pesquisa analisa, a partir do ponto de vista da antropologia social, as dinâmicas dos processos de circulação de conhecimentos, saberes e práticas agroecológicas, especialmente em relação a homeopatia rural, em redes sociotécnicas. É realizada no norte de Minas Gerais, em territórios rurais que praticam agroecologia. Busca também entender a situação atual de desenvolvimento dessas práticas e os impactos das políticas públicas de fortalecimento da transição agroecológica.
Conforme Carcelle, o local da pesquisa foi escolhido em 2015, junto com Lucimar. "Nesse tipo de estudo, são necessário pelo menos 18 meses em campo. O Centro de Agricultura Alternativa Norte de Minas, centro de extensão em agroecologia, que foi meu foco principal de atuação, já que Agroecologia é uma ciência, busquei identificar esses saberes agroecológicos, verificar as diferenças com os saberes convencionais", diz Carcelle.
"Nesse período, vivenciei produtores agroecológicos aplicando de verdade a homeopatia rural, que significa curar as plantas, a água e os solos com homeopatia. Essa reconfiguração diferente entre saúde e alimentação faz diminuir essa diferença. É preciso entender a homeopatia como uma prática agronômica alternativa", destaca o pesquisador francês.
Carcelle observou que desde a Universidade Federal de Viçosa até uma família de produtores de maracujá orgânico do norte de Minas, o saber circulou com continuidade e com pouquíssimas diferenças. "A quantidade da produção e a qualidade da polpa foi superior ao esperado, gerando uma renda significativa, que mesmo com uma perda por uma doença desconhecida para eles e não controlada pela homeopatia, ainda valeu a pena e compensou", explica.
Carcelle enfatiza que os produtores e consumidores preferem comer uma comida saudável e por isso considera que o projeto foi um sucesso. E pergunta: não valeria a pena dedicar pelo menos uma parte de nossa pesquisa à homeopatia rural?
Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
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