07/08/20 |   Geotecnologia  Gestão ambiental e territorial

Propriedades citrícolas possuem 182 mil hectares destinados à vegetação nativa

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Foto: Neide Furukawa

Neide Furukawa - Pomar de citros em formação, ao lado de área de preservação

Pomar de citros em formação, ao lado de área de preservação

Pesquisa feita pelo Fundecitrus com método da Embrapa Territorial revela a existência de 1 hectare dedicado à preservação para cada 2,5 cultivados com  citros


A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) do Fundecitrus realizou um estudo inédito na citricultura e identificou 181.750 hectares de áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa e da biodiversidade nas propriedades citrícolas de São Paulo, do Triângulo e do Sudoeste Mineiro. Nessas mesmas propriedades, 459.058 hectares estão cultivados com laranjeiras e outras árvores de citros, o que revela a proporção de um hectare dedicado à preservação ambiental para cada 2,52 hectares de pomar.

A quantificação da área preservada utilizou informações do mapeamento completo do cinturão citrícola feito pelo Fundecitrus em 2017 e dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) processados com metodologia desenvolvida pela Embrapa Territorial (Campinas, SP). “Pela primeira vez, foi possível dimensionar a contribuição ambiental da citricultura, que é muito expressiva. Esse patrimônio preservado mostra que a citricultura brasileira possui um compromisso com a sustentabilidade ambiental”, diz Juliano Ayres, gerente-geral do Fundecitrus. 

Vinícius Trombin, coordenador da PES,  explica que a perenidade da citricultura favorece a preservação da flora e fauna, criando condições favoráveis para a instalação da vida animal. “As árvores de citros têm vida produtiva de cerca de 20 anos, então não há movimentação intensa da terra com frequência, e o sistema de cultivo demanda baixo trânsito de equipamentos invasivos, fatores que tornam as matas ambientes estáveis e seguros para os animais”, esclarece. “A fruticultura oferece ainda alimento para pássaros e pequenos animais”, acrescenta. 

Metodologia da Embrapa Territorial

A metodologia empregada no tratamento das informações do CAR começou a ser desenvolvida pela Embrapa Territorial em 2016 para mensurar e cartografar as áreas destinadas à preservação da vegetação nativa em todo o País. Está disponível no site da instituição, juntamente com números e mapas por estado e microrregião. “Ficamos surpresos com a riqueza de detalhes que estavam publicados sobre a metodologia no site. Temos uma área de GIS (Sistema de Informação Geoespacial) no Fundecitrus e conseguimos reproduzir a metodologia da Embrapa”, diz Trombin. A equipe reuniu-se com a da Embrapa Territorial apenas para esclarecer dúvidas pontuais.

O coordenador do PES conta que, desde o primeiro mapeamento realizado pelo Fundecitrus, em 2014, observavam as áreas verdes nas propriedades e buscavam um método para quantificá-las. “A Embrapa realmente desenvolveu um método inovador para trabalhar com os dados do CAR”, avalia. “Não é do nosso conhecimento alguém que tenha apresentado um método para essa demanda antes”, complementa.

Para Evaristo de Miranda, chefe-geral da Embrapa Territorial, as informações obtidas pelo Fundecitrus são relevantes para a defesa da sustentabilidade da produção brasileira. “O trabalho complementa e enriquece as análises sobre dimensão territorial das áreas destinadas à preservação da vegetação nativa pelos produtores rurais ao aplicar métodos desenvolvidos pela Embrapa Territorial às propriedades do corredor citrícola, e os resultados são significativos”, comenta. 

Lucíola Magalhães, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da unidade campineira da Embrapa, ressalta que a metodologia para processamento dos dados do CAR passa por melhorias continuamente. Para a gestora, a integração das equipes de P&D das duas instituições fortalece a maturidade do processo de mensuração das dimensões territoriais da sustentabilidade da produção brasileira. Lucíola destaca que a parceria com a Fundecitrus irá avançar para além da dimensão territorial: “O próximo passo é estabelecermos os meios para o desenvolvimento de pesquisas sobre a dimensão ambiental destas áreas, incluindo o monitoramento da biodiversidade."

Produção sustentável

Na avaliação de  José Galizia Tundisi, pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia (IEE) e especialista em gerenciamento de recursos hídricos, a relação entre as áreas de florestas nativas e as áreas de produção de citros significa um importante investimento e um exemplo fundamental para a produção sustentável. “Esta iniciativa não beneficia somente o setor produtivo cítrico, beneficia toda a sociedade”, afirma. “Já está evidenciado cientificamente que a manutenção de áreas com vegetação nativa tem influência quantitativa e qualitativa no ciclo hidrológico e na qualidade da água dos mananciais, além da preservação da biodiversidade terrestre”, pontua. 

Osmar Malaspina, biólogo e pesquisador do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual paulista (Unesp-Rio Claro),  também destaca o impacto sobre a fauna. “Essas áreas protegidas contribuem para a manutenção da biodiversidade e ajudam na preservação de espécies polinizadoras como as abelhas. A presença desses polinizadores gera um retorno financeiro significativo ao produtor, aumentando em até 50% a quantidade e a qualidade dos frutos produzidos”, enfatiza.

Além disso, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam alta produção de mel no cinturão citrícola. “Cerca de 80% do mel produzido no estado de São Paulo está nos municípios que cultivam a citricultura. Nessa região, o crescimento da produção do alimento na última década foi muito maior do que em cidades fora do cinturão”, destaca Trombin. 

Vivian Chies (MTb 42.643/SP)
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