Evento mostra potencial da soja para intensificar sistema de produção na região Central de Minas
Evento mostra potencial da soja para intensificar sistema de produção na região Central de Minas
Mercado, novas cultivares e tecnologias em lançamento são destaque de III Encontro Técnico da UFSJ
Mais de 400 pessoas, segundo a organização, compareceram ao Campus da Universidade Federal de São João del-Rei em Sete Lagoas-MG na última sexta-feira, 10 de março, com o objetivo de conhecerem tecnologias para aumentar a produção e a produtividade do milho e da soja na região Central de Minas Gerais. Especialistas em diversas estações montadas no campo apresentaram resultados de pesquisa da Embrapa e de empresas parceiras, como novos híbridos de milho, sorgo e soja; inoculantes – como o BiomaPhos – e o crescente potencial produtivo da região. "O evento apresenta uma nova oportunidade de desenvolvimento para o Centro de Minas", disse o analista da Embrapa Milho e Sorgo Frederico Botelho.
"Estamos em uma nova fronteira agrícola, com oportunidades concretas de desenvolvimento, em uma região com grande demanda de grãos. Precisa-se de mais investimentos em logística e em infraestrutura, como mais armazéns", reforçou o engenheiro agrônomo Acácio de Almeida Neto, da Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cocari). Em relação a um dos principais problemas que têm afetado a cultura do milho em todo o País – a cigarrinha e o complexo dos enfezamentos – o agrônomo da Cocari cita que a sucessão de culturas é importante para quebrar a incidência de pragas e doenças. “Resultados de pesquisa da Embrapa mostram que a sucessão mais assertiva foi o sistema soja-milho. A soja é uma cultura formidável, que sempre deixa um aporte, como o nitrogênio, para a cultura sucessora”, disse.
Frederico Botelho, da Embrapa, ainda apontou alternativas para viabilizar a segunda safra na região Central de Minas. “O Sistema Antecipe, método de cultivo intercalar que possibilita a redução dos riscos causados pelas incertezas do clima durante a segunda safra, é uma delas. Uma segunda safra de sorgo, se a janela estiver acertada, também é uma ótima opção. Pesquisas estão em andamento para identificar um sistema ideal de produção para as condições edafoclimáticas da região”, adiantou. O chefe do Departamento de Ciências Agrárias do Campus Sete Lagoas da UFSJ, Iran Dias Borges, manifestou a mesma visão, com a necessidade de se intensificar o sistema de produção. “A soja está entrando em sistemas intensivos de cultivo, sendo que a cultura se encaixa perfeitamente para aumento de rentabilidade do produtor”, apresentou.
A Embrapa Milho e Sorgo apresentou a cultivar de milho transgênico BRS 3042 VT Pro2, que está em fase de pré-lançamento, com resistência a lagartas e a herbicidas. A cultivar foi licenciada pela empresa Semeali Sementes e deve chegar ao mercado na segunda safra de 2024. “Apresenta boa estabilidade de produção, com boa inserção de espigas, com potencial produtivo que pode chegar a 12 toneladas por hectare. O material apresenta boa sanidade, podendo ser usado para grãos ou silagem”, explicou o pesquisador Roberto dos Santos Trindade. A cultivar BRS 3046, híbrido indicado para milho-verde, também foi mostrada na estação instalada no campo. Recomendada para as regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e o estado do Paraná, para plantios em safra e safrinha, pode ser também usada na produção de silagem.
Sorgo: opção para segunda safra e cultura livre da cigarrinha
“Com um sistema radicular profundo, com mais de dois metros, o sorgo tolera muito mais a seca que o milho. É uma excelente opção para a segunda safra, já que as condições da região (Centro de Minas) são mais restritivas pela escassez hídrica, além de ter o diferencial de não ser atacado pela cigarrinha”, apresentou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Cícero Beserra de Menezes. “Uma das indicações para a região é plantar a soja no verão e, na sucessão, o sorgo granífero. Com chuvas entre 300 mm e 350 mm, já se consegue produzir a cultura. Além disso, pode-se fazer palhada com o sorgo, realizar a ciclagem de nutrientes e fornecer matéria orgânica para o solo. O cereal se encaixa muito bem após a soja”, mostrou o pesquisador.
Santa Helena Sementes, do Grupo Agroceres, apresenta BTMAX
O primeiro milho transgênico totalmente desenvolvido no Brasil – o BTMAX – foi um dos destaques da estação da Santa Helena Sementes, empresa do Grupo Agroceres. “Com o BTMAX, duas empresas nacionais, a Embrapa e a Helix, vão fornecer uma tecnologia com alta eficiência contra a lagarta-do-cartucho, considerada a principal praga da cultura do milho, e contra a broca-da-cana”, antecipou o engenheiro agrônomo da Santa Helena Gabriel Henrique Furtado. O evento transgênico BTMAX, obtido com a adição de um gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), é resultado de parceria público-privada 100% nacional entre a Embrapa e a Helix e foi aprovado por unanimidade pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em junho de 2022.
Cultivares de soja em destaque
Recomendações técnicas para a cultura da soja na região Central de Minas Gerais foram apresentadas pelo pesquisador Emerson Borghi e pelo analista Frederico Botelho, da Embrapa Milho e Sorgo. “Para a nossa região, as cultivares de soja mais indicadas são as de ciclo médio (de 115 a 125 dias) e que possuem grupo de maturidade relativa entre 7 e 8”, explicou o pesquisador Emerson Borghi. Em relação ao hábito de crescimento, segundo ele, as mais interessantes são as cultivares de hábito indeterminado, que possuem a fase vegetativa simultânea à fase reprodutiva, ou seja, após o florescimento continuam seu desenvolvimento.
O agrônomo Frederico Botelho ainda destacou o diferencial da cultivar BRS 7380 RR: “um dos materiais mais resistentes a nematoides existentes no mercado”, reforçou. A cultivar, lançada em 2015 pela Embrapa em parceria com a Fundação Cerrados, além de resistente ao herbicida glifosato (RR), apresenta resistência a seis raças do nematoide de cisto (Heterodera glycines) – as raças 3, 4, 6, 9, 10 e 14 – e aos dois nematoides formadores de galhas (Meloidogyne incognita e o Meloidogyne javanica). Também tem baixo fator de reprodução ao nematoide das lesões radiculares, o Pratylenchus spp, que afeta não apenas a soja, mas também milho, algodão, feijão, sorgo e as pastagens. Na estação da Embrapa também foi apresentada a cultivar BRS 1003IPRO, soja transgênica com tolerância ao herbicida glifosato e com a tecnologia Intacta RR2 PROTM, que controla um grupo de lagartas.
O evento foi resultado de uma parceria entre o Gefit (Grupo de Estudos em Fitotecnia) da UFSJ, a Embrapa Milho e Sorgo e a ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo).
Guilherme Viana (MTb 06566/MG)
Embrapa Milho e Sorgo
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