15/03/23 |   Transferência de Tecnologia

Evento mostra potencial da soja para intensificar sistema de produção na região Central de Minas

Informe múltiplos e-mails separados por vírgula.

Foto: Guilherme Viana

Guilherme Viana - Estação da Embrapa com cultivar de soja BRS

Estação da Embrapa com cultivar de soja BRS

Mercado, novas cultivares e tecnologias em lançamento são destaque de III Encontro Técnico da UFSJ

Mais de 400 pessoas, segundo a organização, compareceram ao Campus da Universidade Federal de São João del-Rei em Sete Lagoas-MG na última sexta-feira, 10 de março, com o objetivo de conhecerem tecnologias para aumentar a produção e a produtividade do milho e da soja na região Central de Minas Gerais. Especialistas em diversas estações montadas no campo apresentaram resultados de pesquisa da Embrapa e de empresas parceiras, como novos híbridos de milho, sorgo e soja; inoculantes – como o BiomaPhos – e o crescente potencial produtivo da região. "O evento apresenta uma nova oportunidade de desenvolvimento para o Centro de Minas", disse o analista da Embrapa Milho e Sorgo Frederico Botelho.

"Estamos em uma nova fronteira agrícola, com oportunidades concretas de desenvolvimento, em uma região com grande demanda de grãos. Precisa-se de mais investimentos em logística e em infraestrutura, como mais armazéns", reforçou o engenheiro agrônomo Acácio de Almeida Neto, da Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cocari). Em relação a um dos principais problemas que têm afetado a cultura do milho em todo o País – a cigarrinha e o complexo dos enfezamentos – o agrônomo da Cocari cita que a sucessão de culturas é importante para quebrar a incidência de pragas e doenças. “Resultados de pesquisa da Embrapa mostram que a sucessão mais assertiva foi o sistema soja-milho. A soja é uma cultura formidável, que sempre deixa um aporte, como o nitrogênio, para a cultura sucessora”, disse.

Frederico Botelho, da Embrapa, ainda apontou alternativas para viabilizar a segunda safra na região Central de Minas. “O Sistema Antecipe, método de cultivo intercalar que possibilita a redução dos riscos causados pelas incertezas do clima durante a segunda safra, é uma delas. Uma segunda safra de sorgo, se a janela estiver acertada, também é uma ótima opção. Pesquisas estão em andamento para identificar um sistema ideal de produção para as condições edafoclimáticas da região”, adiantou. O chefe do Departamento de Ciências Agrárias do Campus Sete Lagoas da UFSJ, Iran Dias Borges, manifestou a mesma visão, com a necessidade de se intensificar o sistema de produção. “A soja está entrando em sistemas intensivos de cultivo, sendo que a cultura se encaixa perfeitamente para aumento de rentabilidade do produtor”, apresentou.

A Embrapa Milho e Sorgo apresentou a cultivar de milho transgênico BRS 3042 VT Pro2, que está em fase de pré-lançamento, com resistência a lagartas e a herbicidas. A cultivar foi licenciada pela empresa Semeali Sementes e deve chegar ao mercado na segunda safra de 2024. “Apresenta boa estabilidade de produção, com boa inserção de espigas, com potencial produtivo que pode chegar a 12 toneladas por hectare. O material apresenta boa sanidade, podendo ser usado para grãos ou silagem”, explicou o pesquisador Roberto dos Santos Trindade. A cultivar BRS 3046, híbrido indicado para milho-verde, também foi mostrada na estação instalada no campo. Recomendada para as regiões Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste e o estado do Paraná, para plantios em safra e safrinha, pode ser também usada na produção de silagem.

 

Sorgo: opção para segunda safra e cultura livre da cigarrinha

“Com um sistema radicular profundo, com mais de dois metros, o sorgo tolera muito mais a seca que o milho. É uma excelente opção para a segunda safra, já que as condições da região (Centro de Minas) são mais restritivas pela escassez hídrica, além de ter o diferencial de não ser atacado pela cigarrinha”, apresentou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Cícero Beserra de Menezes. “Uma das indicações para a região é plantar a soja no verão e, na sucessão, o sorgo granífero. Com chuvas entre 300 mm e 350 mm, já se consegue produzir a cultura. Além disso, pode-se fazer palhada com o sorgo, realizar a ciclagem de nutrientes e fornecer matéria orgânica para o solo. O cereal se encaixa muito bem após a soja”, mostrou o pesquisador.

 

Santa Helena Sementes, do Grupo Agroceres, apresenta BTMAX

O primeiro milho transgênico totalmente desenvolvido no Brasil – o BTMAX – foi um dos destaques da estação da Santa Helena Sementes, empresa do Grupo Agroceres. “Com o BTMAX, duas empresas nacionais, a Embrapa e a Helix, vão fornecer uma tecnologia com alta eficiência contra a lagarta-do-cartucho, considerada a principal praga da cultura do milho, e contra a broca-da-cana”, antecipou o engenheiro agrônomo da Santa Helena Gabriel Henrique Furtado. O evento transgênico BTMAX, obtido com a adição de um gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), é resultado de parceria público-privada 100% nacional entre a Embrapa e a Helix e foi aprovado por unanimidade pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em junho de 2022.

 

Cultivares de soja em destaque

Recomendações técnicas para a cultura da soja na região Central de Minas Gerais foram apresentadas pelo pesquisador Emerson Borghi e pelo analista Frederico Botelho, da Embrapa Milho e Sorgo. “Para a nossa região, as cultivares de soja mais indicadas são as de ciclo médio (de 115 a 125 dias) e que possuem grupo de maturidade relativa entre 7 e 8”, explicou o pesquisador Emerson Borghi. Em relação ao hábito de crescimento, segundo ele, as mais interessantes são as cultivares de hábito indeterminado, que possuem a fase vegetativa simultânea à fase reprodutiva, ou seja, após o florescimento continuam seu desenvolvimento.

O agrônomo Frederico Botelho ainda destacou o diferencial da cultivar BRS 7380 RR: “um dos materiais mais resistentes a nematoides existentes no mercado”, reforçou. A cultivar, lançada em 2015 pela Embrapa em parceria com a Fundação Cerrados, além de resistente ao herbicida glifosato (RR), apresenta resistência a seis raças do nematoide de cisto (Heterodera glycines) – as raças 3, 4, 6, 9, 10 e 14 –  e aos dois nematoides formadores de galhas (Meloidogyne incognita e o Meloidogyne javanica). Também tem baixo fator de reprodução ao nematoide das lesões radiculares, o Pratylenchus spp, que afeta não apenas a soja, mas também milho, algodão, feijão, sorgo e as pastagens. Na estação da Embrapa também foi apresentada a cultivar BRS 1003IPRO, soja transgênica com tolerância ao herbicida glifosato e com a tecnologia Intacta RR2 PROTM, que controla um grupo de lagartas.

O evento foi resultado de uma parceria entre o Gefit (Grupo de Estudos em Fitotecnia) da UFSJ, a Embrapa Milho e Sorgo e a ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo).

 

Guilherme Viana (MTb 06566/MG)
Embrapa Milho e Sorgo

Contatos para a imprensa

Telefone: (31) 3027-1905

Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/