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Doutora honoris causa pela Universidade da Flórida e pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ela também foi membro das Academias Brasileira de Ciências, de Ciências do Vaticano e de Ciências do Terceiro Mundo. Recebeu os prêmios Frederico de Menezes Veiga e Bernard Houssay-OAS, além do Prêmio de Ciências da UNESCO e do Prêmio México de Ciências e Tecnologia, entre outros.
Em 2016, a cientista foi a homenageada do ano da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia - e, em virtude disso, a Embrapa desenvolveu uma página especial com toda sua história profissional, galeria de fotos, produção científica e informações relevantes. Confira no banner abaixo.
História

Um breve levantamento das pesquisas relevantes da Embrapa Agrobiologia mostram avanços que contribuíram para diferentes áreas da agricultura brasileira: desde a efetiva utilização de inoculantes bacterianos para a fixação biológica de nitrogênio em diversas culturas até a restauração ambiental em áreas de preservação permanente e a recuperação de áreas degradadas em diferentes níveis e biomas, tanto em áreas de exploração petrolífera ou de minérios quanto em pastagens. “Acredito que uma das diferenças da Embrapa Agrobiologia é a de ter sempre buscado realizar pesquisas antecipando futuras questões de cunho ecológico e agroambientais, mesmo com a preocupação em apresentar uma solução que permita o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura, seja ela familiar ou larga escala”, aponta José Ivo Baldani, que desde 1978 é pesquisador da Unidade.
Já na década de 1960 a agricultura brasileira apresentava evidentes sinais de modernização, em consonância com o que ocorria no restante do mundo. A introdução de máquinas, equipamentos, fertilizantes, defensivos agrícolas e ferramentas gerenciais aos poucos foi mudando o caráter essencialmente familiar e lançou as bases para a formação das agroindústrias e do agronegócio. Na década de 1980, entrava em cena a ampla discussão sobre organismos geneticamente modificados e transgênicos na agricultura como uma possibilidade para tornar as culturas mais resistentes e produtivas e para alterar características dos alimentos originais. “O grande mote da época era a biotecnologia e sua aplicação na agricultura. Havia muitas controvérsias e, no final, a agricultura baseada nessa tecnologia está hoje implantada no caso de algumas commodities. Foi nessa mesma época que tiveram início as pesquisas em agricultura orgânica na Embrapa Agrobiologia, como um contraponto a esse cenário”, aponta Ivo Baldani.
De fato, a história da Unidade coincide com a evolução da agricultura orgânica e da agroecologia no Brasil, que se fortaleceram após os movimentos em prol da agricultura alternativa no início da década de 1990. "Uma das preocupações da pesquisa na Agrobiologia sempre foi a eficiência no aproveitamento de nutrientes em sistemas agrícolas de produção sustentável. Neste contexto se insere sua contribuição em diferentes sistemas de produção agrícola ditos convencionais, e naqueles que originalmente eram chamados de alternativos, ou, como definido atualmente no âmbito da Embrapa, de agriculturas de base ecológica, a saber: orgânica, agroecológica, biodinâmica, natural, urbana, entre outras”, diz o pesquisador José Guilherme Marinho Guerra, empregado da Embrapa desde 1989.
Das leguminosas agrícolas para as espécies florestais
Ainda na década de 1990, outra linha de pesquisa que começou a ganhar força foi a de Recuperação de Áreas Degradadas (RAD), especialmente após a Constituição Federal de 1988, que estabelece que quem degrada o meio ambiente ou deixa algum passivo ambiental é responsável por sua recuperação. “No início trabalhávamos basicamente com leguminosas florestais. Quando começamos a fazer os primeiros ensaios, percebemos como as leguminosas inoculadas cresciam melhor e foi aí que a gente vislumbrou o potencial da tecnologia”, conta o pesquisador Eduardo Campello, que desde o ano de 1983 atua na área na Embrapa. O grupo de RAD se consolidou como um dos pioneiros na temática da recuperação de áreas degradadas.
Foi também nos anos 1990 que a pesquisadora Johanna Döbereiner e sua equipe descobriram a bactéria Gluconacetobacter diazotrophicus, enquanto estudavam plantas de cana-de-açúcar. Com isso, começaram as pesquisas para o desenvolvimento de um inoculante bacteriano para cana capaz de fixar o nitrogênio e contribuir para o seu crescimento, culminando na associação de cinco bactérias diferentes.
Mudanças climáticas e enfrentamento de tragédias ambientais
Já no fim dos anos 2000 a preocupação com as mudanças climáticas e a mitigação dos gases de efeito estufa (GEE) começou a ganhar cada vez mais a atenção da sociedade e da pesquisa. A Embrapa, já em seu Plano Diretor de 2007, destacava a importância de aumentar a eficiência dos sistemas de produção para diminuir as emissões de carbono e GEE. Nesse cenário, o grupo de Ciclagem de Nutrientes se destacou na Embrapa Agrobiologia, atuando colaborativamente com outras Unidades e instituições de pesquisa na quantificação da emissão desses gases pela agropecuária brasileira, contribuindo essencialmente para o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). A intensificação do uso da FBN na agricultura, em substituição aos fertilizantes nitrogenados, é uma das alternativas sugeridas para reduzir a emissão de CO2.
Outro destaque foi a implantação, em 2007, do Núcleo de Pesquisa e Treinamento para Agricultores (NPTA) em Nova Friburgo, na região serrana fluminense, em parceria com a prefeitura local e com a atuação também das outras duas Unidades da Embrapa no Rio de Janeiro. Além de ser fundamental no incentivo à transição agroecológica nos ambientes montanhosos, o NPTA teve importância fundamental na reconstrução e no restabelecimento da agricultura serrana após as enchentes e deslizamentos de terra de janeiro de 2011, evento considerado uma das maiores tragédias ambientais da história do País. “Como os agricultores locais vivenciaram isso de uma forma mais dura, com perdas de vidas e de áreas de produção, perceberam a necessidade de buscar alternativas para reduzir os riscos da atividade agrícola e se preocupar com a conservação do solo”, lembra o pesquisador Renato Linhares de Assis, que atua no Núcleo desde 2008.