A Cultura da Cenoura | voltar ao início
Embrapa Hortaliças
Sistemas de Produção, 5
ISSN 1678-880X Versão Eletrônica
Jun/2008
Autores
Irrigação
A produtividade e a qualidade das raízes de cenoura são intensamente influenciadas pelas condições de umidade do solo. Assim, para a obtenção de altos rendimentos é necessário o controle da umidade do solo durante todo o ciclo da cultura para deste modo, determinar o momento da irrigação e a quantidade de água a ser aplicada.
O sistema de irrigação mais utilizado em pequenas áreas é o de aspersão convencional (Figura 1), enquanto em grandes áreas utiliza-se o sistema pivô central. O uso de aspersor tipo canhão é inconveniente porque retira as sementes dos sulcos de plantio e compacta o solo, prejudicando a germinação e emergência das plântulas.
Foto: Waldir A. Marouelli
Fig. 1. Irrigação de canteiros de cenoura
Para determinar a quantidade de água (lâmina) a ser aplicada por irrigação e a freqüência das irrigações (turno de rega), deve-se levar em consideração as condições de clima, tipo de solo e estádio de desenvolvimento das plantas.
De modo geral, a primeira irrigação após o plantio deve ser feita de tal modo que se molhe até 20 cm de profundidade. Do plantio até o raleio, as irrigações devem ser leves e freqüentes (1 a 2 dias).
Depois desta fase até a colheita, pode-se aumentar a lâmina de água e o turno de rega. Com os dados referentes ao tipo de solo, condições de clima, estádio de crescimento da planta, profundidade das raízes e da evapotranspiração calcula-se a lâmina líquida de água a ser aplicada por irrigação e o turno de rega, utilizando-se as indicações contidas nas Tabelas 1 e 2.
Exemplo de manejo de irrigação
Considere-se a seguinte situação:
- Solo argiloso sob cerrado (solo tipo I);
- Clima seco e temperatura moderada (agosto);
- Idade da cultura: do 30º ao 50º dia;
- Profundidade efetiva do sistema radicular neste período : 20 cm.
O primeiro passo, estimar, pela Tabela 1, a evapotranspiração correspondente às condições climáticas e estádio de desenvolvimento da cultura, que no caso é de 5 mm/dia.
Tabela 1. Evapotranspiração da cultura de cenoura, em mm/dia, em função da idade da planta (dias após o plantio), temperatura (baixa, moderada e alta) e umidade relativa média do ar (seco, úmido)
Idade (dias) | Frio (15 a 20ºC) | Moderado (20 a 25ºC) | Quente (25 a 30ºC) | |||
Seco | Úmido | Seco | Úmido | Seco | Úmido | |
0-30 | 2 | 1 | 3 | 2 | 4 | 2 |
30-50 | 4 | 3 | 5 | 3 | 6 | 4 |
50-80 | 5 | 4 | 7 | 4 | 8 | 5 |
80-100 | 4 | 3 | 5 | 3 | 7 | 4 |
clima seco = 40 a 50% de umidade relativa
clima úmido = 60 a 80% de umidade relativa
Fonte: Adaptado de Marouelli et al., 2001.
Na Tabela 2, utilizando-se o valor estimado da evapotranspiração, o tipo de solo e a profundidade do sistema radicular, obtêm-se valores de turno de rega (número fora dos parênteses) e lâmina líquida de água (número dentro dos parênteses) por irrigação. Para esta situação tem-se turno de rega de dois dias e lâmina de 10 mm, respectivamente.
Tabela 2. Turno de rega ( fora dos parênteses), em dias, e lâmina líquida de água (entre parênteses), em mm, para a irrigação da cenoura.
Evapo- transpiração (mm/dia) | Profundidade efetiva do sistema radicular (cm) | |||||||||
10 | 20 | 30 | 40 | 50 | ||||||
Solo I* | Solo II** | Solo I* | Solo II** | Solo I* | Solo II** | Solo I* | Solo II** | Solo I* | Solo II** | |
1 | 4(4) | 6(6) | - | - | - | - | - | - | - | - |
2 | 2(4) | 3(6) | - | - | - | - | - | - | - | - |
3 | 1(3) | 2(6) | 3(9) | 4(12) | 4(12) | 6(18) | - | - | - | - |
4 | 1(4) | 1(4) | 2(8) | 3(12) | 3(12) | 5(20) | 4(16) | 6(24) | 5(20) | 8(32) |
5 | - | - | 2(10) | 2(10) | 2(10) | 4(20) | 3(15) | 5(25) | 4(20) | 6(30) |
6 | - | - | 1(6) | 2(12) | 2(12) | 3(18) | 3(18) | 4(24) | 4(24) | 5(30) |
7 | - | - | - | - | 2(14) | 3(21) | 2(14) | 4(28) | 3(21) | 4(28) |
8 | - | - | - | - | 1(3) | 2(16) | 2(16) | 3(24) | 3(24) | 4(32) |
*Solo tipo I : textura grossa à moderadamente grossa, disponibilidade de água entre
0,8 e 1,2 mm/cm de solo; ex: solo franco arenoso, areia franca e areia.
** Solo tipo II : textura média à fina, disponibilidade de água entre 1,6 a 2,2 mm/cm
de solo; ex: solo franco, solo franco siltoso, franco argilo arenoso e siltoso, franco
argiloso, argila arenosa e siltosa, e argila.
Obs: Em geral os solos sob cerrados de textura média à fina apresentam disponibilidade
de água entre 0,8 e 1,2 mm/cm de solo. Assim deverão ser considerados como do tipo I.
Fonte: Adaptado de Marouelli et al., 2001.
A lâmina bruta de água a ser aplicada é função da eficiência de irrigação e do sistema de irrigação adotado. Na rega por aspersão, esse valor varia freqüentemente entre 60% e 80%, podendo chegar a 90% no caso de pivô central.
Considerando-se no presente exemplo uma eficiência de 70%, a lâmina bruta de água a ser aplicada seria de 14,3 mm por irrigação.