Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

As pesquisas realizadas na Embrapa Hortaliças buscam desenvolver, promover e disponibilizar tecnologias, produtos e serviços que contribuam para o aumento da competitividade e da sustentabilidade, bem como para melhoria da qualidade na cadeia produtiva de hortaliças.
 
A equipe de pesquisadores atua em diversas áreas das ciências agrárias, cujos trabalhos agregam ações conjuntas visando soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação no atendimento de demandas identificadas junto a produtores, empresas parceiras e programas institucionais, do Brasil e de outros países.

Agricultura orgânica é o sistema de manejo sustentável da unidade de produção com enfoque sistêmico que privilegia a preservação ambiental, a agrobiodiversidade, os ciclos biogeoquímicos e a qualidade de vida humana. É um processo produtivo comprometido com a organicidade e sanidade da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres humanos, razão pela qual usa e desenvolve tecnologias apropriadas à realidade local de solo, topografia, clima, água, radiações e biodiversidade própria de cada contexto, mantendo a harmonia de todos esses elementos entre si e com os seres humanos. A agricultura orgânica busca criar ecossistemas mais equilibrados, preservar a biodiversidade, os ciclos e as atividades biológicas do solo.

A área de Ciência e Tecnologia de Alimentos desenvolve pesquisas na área de pós-colheita e processamento de produtos hortícolas, visando a conservação das hortaliças, bem como a manutenção de suas propriedades nutricionais e bioativas, e melhoria nos sistemas de embalagem e armazenamento. São realizadas nesse laboratório as análises de qualidade (sólidos solúveis totais, acidez titulável, pH, ácido ascórbico, entre outras); determinação de compostos bioativos e atividade antioxidante; análises fisiológicas (CO2 e etileno) e sensorial de hortaliças.

A área de Fitopatologia é dedicada à busca de soluções sustentáveis para o controle das doenças de hortaliças. O trabalho enfoca a epidemiologia e o controle integrado de doenças, em especial a busca de cultivares resistentes. Estuda-se a variabilidade dos fitopatógenos e a interação entre planta e patógeno (e vetor), com o intuito de garantir a obtenção de resistência estável no tempo e no espaço. Esse trabalho tem forte colaboração com programas de melhoramento genético e envolve diversas parcerias com outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil e do exterior.

A Fitotecnia trabalha para o desenvolvimento e aprimoramento dos sistemas de produção das culturas. O fitotecnista desenvolve sua função de forma análoga ao clínico-geral na medicina, e dessa forma precisar deter conhecimentos que vão desde a produção de sementes, passando por semeadura, espaçamento de plantio, tratos culturais, irrigação, adubação, colheita e até mesmo pós-colheita e armazenamento. Na Embrapa Hortaliças, os programas de pesquisa em Fitotecnia estão voltados para temas e culturas que ainda carecem de conhecimentos básicos para o seu cultivo, como a agricultura orgânica e hortaliças tradicionais e, ainda, em culturas de hortícolas como a batata-doce, alho e mandioquinha-salsa.

As pesquisas realizadas na Embrapa Hortaliças têm como foco a geração de tecnologias, processos e informações que possibilitem os produtores de hortaliças irrigarem suas lavouras de forma mais adequada e eficiente, visando ganhos de produtividades e de qualidade, redução e maior eficiência no uso de água e energia, maior retorno econômico e maior sustentabilidade da atividade produtiva. Os trabalhos, que envolvem basicamente as áreas de manejo de água e de sistemas de irrigação, têm enfoque no manejo integrado da cultura, sobretudo no que se refere às interações da água com aspectos fitossanitários e nutricionais das hortaliças.

A ênfase tem sido no sentido de fortalecer, através da liberação de variedades melhoradas, a sustentabilidade ecológica e econômica dos cultivos das diferentes hortaliças, tanto para consumo in natura quanto para processamento industrial. A amplitude de espécies com aporte de contribuições é vasta e inclui: solanáceas (tomate, pimenta, batata, jiló e berinjela); cucurbitáceas (melão, melancia, pepino e abóboras); leguminosas (feijão-de-vagem, grão-de-bico, lentilha e ervilha) e também cenoura, cebola, alho, alface, batata-doce, mandioquinha-salsa, entre outras. Uma das principais ações de pesquisa envolve a incorporação de fatores de resistência genética a diferentes grupos de patógenos (vírus, nematoides, fungos e bactérias) e pragas. O aspecto mais inovador do trabalho de pesquisa tem sido as ações para tropicalizar e adaptar as hortaliças para cultivo nas diferentes condições ambientais do país. Importantes avanços foram também obtidos na melhoria da qualidade nutricional e nutracêutica das variedades de hortaliças, incluindo maiores teores de carotenoides antioxidantes (licopeno e luteína), provitamina A (alfa-caroteno e beta-caroteno), vitamina C, capsaicinoides, flavonoides, proteínas e sólidos solúveis.

A Embrapa Hortaliças vem desenvolvendo, recentemente, linhas de pesquisas que visam, sobretudo, a busca de práticas capazes de mitigar os impactos das mudanças climáticas sobre as cadeias produtivas de hortaliças, bem como de adaptar seus sistemas às novas condições. Para tal, tem sido buscados a identificação de genótipos melhor adaptados a estresses abióticos, e o desenvolvimento de sistemas produtivos em ambiente protegido climatizado e de baixo custo. Outro ponto focal tem sido a sistematização de sistemas produtivos com menor emissão de carbono para atmosfera, tais como o Sistema Plantio Direto de Hortaliças.

A área de Nematologia da Embrapa Hortaliças dedica-se a pesquisas relacionadas aos nematoides, parasitas de plantas ou fitonematoides. As principais atividades desenvolvidas envolvem: apoio aos programas de melhoramento de hortaliças da Unidade, de forma a selecionar fontes de resistência às espécies de nematoides-das-galhas (Meloidogyne ssp) prevalecentes no Brasil; levantamento e monitoramento de espécies de nematoides presentes em hortaliças no Brasil, por meio de caracterização morfológica e ferramentas moleculares; e pesquisas relacionadas ao manejo integrado de nematoides em hortaliças.

As pesquisas nessa área do conhecimento têm sido focadas na avaliação da dinâmica de nutrientes no sistema solo-planta, no manejo conservacionista do solo com ênfase no plantio direto de hortaliças, marcha de acúmulo de matéria seca e conteúdo de nutrientes, em nutrição de hortaliças via solo e fertirrigação, bem como em cultivo hidropônico. Outras linhas são: fontes alternativas de fertilizantes para sistema orgânico e convencional, especificamente fertilizantes líquidos e organominerais, e presença e acúmulo de contaminantes inorgânicos em hortaliças. Em todas as linhas mencionadas, as pesquisas são realizadas tanto em condição de campo aberto quanto em cultivo protegido.

A área de economia rural  concentra-se nos estudos das relações econômicas no meio rural, incluindo mudanças tecnológicas, avaliação de impactos tecnológicos, avaliação de eficiência econômica de sistemas de produção, análises inter-regionais da produção, eficiência técnico-econômica de tecnologias geradas, avaliação de viabilidade econômica de tecnologias, estudos de mercado, prospecções de demanda tecnológicas, estudos de clusters e dinâmica regional e análise de competitividade de cadeias produtivas. Especificamente, a área de economia rural da Embrapa e, em particular da Embrapa Hortaliças, tem por objetivo acompanhar a situação, o comportamento e o desempenho das hortaliças no contexto econômico da produção. Adicionalmente, a área também gera e fornece informações para norteamento da pesquisa e da transferência de tecnologia, bem como provém subsídios  para os formuladores de políticas públicas setoriais e para os  demais agentes do agronegócio, nos níveis micro e macroeconômico.

A área de Virologia da Embrapa Hortaliças realiza pesquisas com o estudo de vírus que infectam olerícolas, incluindo diagnose, detecção de ocorrência (levantamentos e monitoramentos/zoneamentos), identificação, caracterização de vírus e estudos de variabilidade, utilizando técnicas sorológicas, métodos moleculares e métodos biológicos. São realizados também estudos epidemiológicos e avaliação de perdas, além de busca por fontes de resistência a vírus com a avaliação de germoplasma em campo e em casa de vegetação, visando auxiliar no desenvolvimento de cultivares resistentes em programas de melhoramento e, dessa forma, contribuir na busca por medidas de manejo a serem empregadas no controle de viroses, visando a redução das perdas e a garantia da sustentabilidade do agronegócio das hortaliças.