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26/11/19 |   Family farming  Biological Nitrogen Fixation

Projeto promove benefícios da adubação verde para a agricultura familiar

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Photo: Sandra Brito

Sandra Brito - Colheita do adubo verde, cratília

Colheita do adubo verde, cratília

Leguminosas perenes e diferentes técnicas de compostagem favorecem a fertilidade do solo e potencializam o aumento da oferta de nutrientes para sistemas produtivos de base agroecológica.

Esta técnica é uma boa opção para o agricultor familiar, pois, para ele, o custo do adubo químico pode ser caro. Segundo o pesquisador Walter José Rodrigues Matrangolo, da Embrapa Milho e Sorgo, a adubação verde promove a melhoria das qualidades físico-químicas e biológicas do solo a partir da ciclagem de nutrientes já presentes no solo e no ar atmosférico. Com a deposição da fitomassa das leguminosas o solo fica protegido da radiação solar intensa e perde menos água. A decomposição das folhas também libera os nutrientes necessários para o crescimento das plantas comerciais.

Geralmente as leguminosas mais conhecidas pelos agricultores, para a produção de fitomassa para adubação verde são as mucunas, as crotalárias (Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis), feijão-de-porco e feijão-guandu, entre outras.

“Estas plantas possuem elevado teor de nitrogênio em seu tecido foliar, proveniente da fixação biológica de nitrogênio, além de outros nutrientes essenciais, que, após corte, deposição e decomposição sobre o solo, serão absorvidos pelas culturas comerciais. O milho e o feijão, por exemplo, que têm raízes menos profundas, são beneficiados, porque o sistema radicular profundo das leguminosas resgata nutrientes que estariam inacessíveis para eles”, diz Walter.

“Leguminosas perenes, como a cratília (Cratylia argentea) e a gliricídia (Gliricidia sepium), permitem que a oferta de adubo verde ocorra de três a quatro épocas do ano, contribuindo, assim, para uma oferta constante de proteção de solo e dos nutrientes contidos em suas folhas”, explica o pesquisador, Walter Matrangolo, da Embrapa Milho e Sorgo.

Ele nos conta como escolher a melhor leguminosa e como fazer o consórcio com as culturas comerciais. “Uma das dificuldades do uso da técnica de adubação verde está na disponibilidade de sementes. É importante que o agricultor multiplique essas plantas em áreas destinadas para a produção de suas sementes.

Assim poderá utilizá-las ao longo dos anos. Outro cuidado é formar um banco de sementes comunitários com vizinhos para possibilitar a troca e a garantia de disponibilidade das sementes, no caso de algum deles perder seu estoque.”

“Observamos também que, em geral, o agricultor familiar dispõe de pouca terra e não tem irrigação. Por isso, cultivar os adubos verdes durante o período chuvoso concorre com as plantas comerciais como milho, feijão, mandioca, abóbora ou hortaliças” diz Matrangolo.

“Uma alternativa para diminuir esta concorrência é cultivar a leguminosa perene em faixas laterais, chamado cultivo em alamedas ou aleias, próximas à área de cultivo comercial. Desta forma, o agricultor poderá fazer o corte periodicamente, aguardando as rebrotas para aportar mais folhas para adubação verde ao longo do ano. Após fazer o corte das leguminosas, é feita a deposição de folhas sobre o solo”.

Capacitação de agricultores da Bacia do Ribeirão Jequitibá

Para aprender como produzir o adubo verde e seus benefícios para o solo foi realizado o curso “Compostagem e adubação verde”, em 6 de novembro, na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas-MG. Além deste treinamento, foram realizados outros três módulos entre os meses de setembro e outubro, na Embrapa e na Fazenda Santa Rita, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). As atividades foram coordenadas pelo pesquisador Walter José Rodrigues Matrangolo.

Participaram agricultores familiares da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Jequitibá, provenientes das comunidades Estiva, Horta Comunitária Cidade de Deus, Horta Comunitária Montreal/Canadá, Escola Técnica Municipal de Sete Lagoas e de Matosinhos. Também compareceram representantes da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Turismo de Sete Lagoas (Semadetur).

O curso integrou atividades do Projeto Hidroambiental de Difusão de Sistemas Agroecológicos em Propriedades Rurais na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Jequitibá. Os municípios da bacia hidrográfica do Ribeirão Jequitibá são Capim Branco, Funilândia, Jequitibá, Prudente de Morais e Sete Lagoas. O projeto busca contribuir para a popularização de práticas e processos agroecológicos de produção.

“O Ribeirão Jequitibá é afluente do Rio das Velhas e é um dos principais contribuintes do Rio São Francisco. O projeto é coordenado pela Embrapa Milho e Sorgo e Epamig, com recursos financeiros oriundos da cobrança pelos recursos hídricos na Bacia do Rio das Velhas”, explica Walter.

As agricultoras Maria dos Passos Nascimento, da Cidade de Deus, e Cília Geralda Coelho da Silva, da Horta Comunitária Montreal/Canadá, participam de visitas técnicas e cursos desde maio de 2019. “A adubação verde melhora a qualidade do solo e a absorção de nitrogênio. Aprendemos também como fazer melhor o controle biológico de pragas. E como trabalhar com os produtos naturais para diminuir a perda de hortaliças e, assim, aumentar o lucro”, diz Cília.

Maria dos Passos conta que produzem cebolinha, alface e outras hortaliças folhosas e leguminosas. “Cada um tem uma forma própria de escoar o produto. Temos um colega que vai para a feira do bairro Boa Vista. Mas a maioria vende de porta em porta”. A entrega semanal de cestas com hortaliças na casa do consumidor tem sido uma prática recente de comercialização.

Sandra Brito (MG 06230 JP)
Embrapa Milho e Sorgo

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