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08/04/20 |   Technology Transfer  Integrated Pest Management

Embrapa realiza curso internacional de controle biológico de pragas para técnicos de Serra Leoa

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Photo: Sandra Brito

Sandra Brito - o curso foi oferecido para um país de língua inglesa da África Ocidental, Serra Leoa, onde a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) se tornou a principal praga da cultura do milho.

o curso foi oferecido para um país de língua inglesa da África Ocidental, Serra Leoa, onde a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) se tornou a principal praga da cultura do milho.

A Embrapa Milho e Sorgo recebeu mais uma equipe de técnicos africanos para um curso internacional de controle biológico de pragas. Desta vez, o curso foi oferecido para um país de língua inglesa da África Ocidental, Serra Leoa, onde a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) se tornou a principal praga da cultura do milho. O treinamento “Spodoptera frugiperda e seu manejo com tecnologias sustentáveis aplicadas a Serra Leoa, África”, aconteceu em Sete Lagoas-MG, entre os dias 3 e 13 de março.

As aulas teóricas e práticas, coordenadas pelo pesquisador Ivan Cruz, abordaram, entre outros temas, o organograma e a dinâmica de funcionamento de uma biofábrica e estratégias para estabelecer um programa de controle biológico para a lagarta-do-cartucho  em Serra Leoa. Outro item apresentado foi como mensurar o custo de produção de uma fábrica de Trichogramma.

O pesquisador explicou que para controlar a lagarta-do-cartucho é necessário conhecer sua cadeia alimentar. Seu principal alimento é o milho. Assim, o agricultor, ao detectar a presença da mariposa, já pode liberar no campo o agente biológico Trichogramma.

“A vespa Trichogramma spp. é um inseto benéfico. Um agente biológico de alta eficiência que elimina a praga antes que ela possa ocasionar danos à planta, pois parasita o ovo da praga onde permanece até a fase adulta. O Trichogramma pode ser facilmente produzido em biofábricas, seguindo as recomendações técnicas de manejo. E o curso habilitou os técnicos a implantar uma biofábrica no país deles e a usar o inseto benéfico na luta contra a praga ”, disse Cruz.

O diretor de culturas do Ministério da Agricultura e Florestas, em Freetown, Serra Leoa, John Solomon Kamara, participou do curso, acompanhado por mais sete profissionais do país. Integraram o grupo funcionários do Instituto de Pesquisa Agrícola da Serra Leoa, do Ministério da Agricultura e Florestas e da Universidade de Njala, a maior universidade de ciências agrícolas de Serra Leoa. Participou também um representante de um projeto patrocinado pela União Europeia que apoia o Ministério.

“A partir de agora, esses profissionais, capacitados pela Embrapa, vão treinar outros funcionários e estudantes das três instituições e estabelecer uma biofábrica em Serra Leoa. A biofábrica irá, então, produzir inimigos naturais das plantas que serão usados para o Manejo Integrado de Pragas no país”, informou Kamara.

O diretor acrescentou que o milho é uma das principais culturas para consumo humano no país dele. É uma cultura muito importante, usada para complemento no programa de alimentação escolar. O milho processado agrega valor à comida para bebês e para as crianças desnutridas. É consumido assado ou cozido. Além de ser a principal fonte de alimentação para gado e aves.

Kamara ressaltou que o controle biológico de pragas pode favorecer em diversos aspectos. “Primeiro porque o custo de produtos químicos para o controle de pragas é muito caro e os agricultores não podem arcar com as despesas. E, em segundo lugar, porque os inorgânicos podem afetar a saúde humana, se usados incorretamente, e prejudicar os agricultores e seus familiares, além de poluir o meio ambiente. O uso do controle biológico ajudará a resolver esses problemas”, disse o diretor.

Outro benefício citado por John Kamara, referente ao estabelecimento da biofábrica, é a abertura de oportunidades de mercado para outros agricultores também. “A dieta para alimentar os insetos (inimigos naturais) é composta por feijão, milho, sorgo e trigo. Os subprodutos serão utilizados como ração para peixes, aves e suínos. E este projeto também criará oportunidades de emprego para jovens no campo”, relatou.

“Além disso, o controle biológico ajudará a aumentar o rendimento, a produtividade das lavouras. Reduzirá os prejuízos, visto que haverá menos doenças e pragas. No geral, contribuirá para o desenvolvimento da indústria agrícola em Serra Leoa, em particular, e para a economia em geral”, ressaltou Kamara.

A chefe da Organização Nacional de Proteção Fitossanitária, Raymonda Johnson, também do Ministério, disse que o país enfrenta desafios com a infestação de pragas nas lavouras de milho e no armazenamento. “A lagarta é a principal praga no campo. E a Embrapa contribuiu enormemente nos ensinando as técnicas sobre o ciclo de vida da Spodoptera, os danos causados por ela e a opção de gerenciamento usando os inimigos naturais”, disse.

O patologista Alusaine Edward Samura, pesquisador do Instituto de Pesquisa Agrícola de Serra Leoa, disse que o milho é cultivado, principalmente, por pequenos agricultores. Mas já existe um número crescente de agricultores comerciais iniciando o plantio deste cereal.

Segundo ele, o controle biológico ainda não é um conceito amplamente promovido no país. E o desenvolvimento de inimigos naturais é inibido por más práticas ambientais, como queima e desmatamento. “O controle biológico oferece muitas promessas para os agricultores pobres e garante a segurança do meio ambiente”, disse Samura.

“O treinamento da Embrapa ofereceu uma oportunidade para o estabelecimento de uma biofábrica para criação em massa de inimigos naturais. Estes insetos benéficos serão usados não apenas para Spodoptera frugiperda, mas para outras pragas que afetam as hortaliças e as árvores. Esperamos que esta tecnologia seja a nova direção do manejo de pragas em Serra Leoa”, considerou o patologista.

Já o professor Johnny Ernest Norman, chefe do Departamento de Proteção de Culturas da Escola de Agricultura e Ciência de Alimentos, da Universidade de Njala, informou que o milho é o segundo cereal mais consumido em seu país. “Depois do arroz, que é nosso alimento básico, o milho é o segundo cereal mais utilizado”, disse.

Norman considera que o controle biológico de pragas incentiva não apenas os produtores de milho a produzir mais, mas também fornece segurança contra outras pragas em Serra Leoa. “Este treinamento nos capacitou para abordar outros problemas relativos às pragas. Assim, podemos transferir a tecnologia para os técnicos extensionistas e fornecer confiança aos agricultores”, ressaltou Norman.

Durante o treinamento, os participantes visitaram a empresa JB Biotecnologia, em Paraopeba-MG. A biofábrica comercial produz Trichogramma e outros agentes para controle biológico. A comitiva foi recebida pelos sócios proprietários Julio Cruz e Bianca Vique. 

Além do pesquisador Cruz, as atividades desta edição do curso internacional de controle biológico de pragas foram também coordenadas pela analista da Embrapa Tatiane Teixeira de Melo e pela doutoranda Ana Luisa Gangana de Castro. Colaboraram também como suporte nas atividades do laboratório os funcionários Geraldo Magela da Fonseca e Luiz Fernandes da Costa.

Tecnologia difundida para diversos países

A lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda), uma das principais pragas que atinge as lavouras dos países africanos, chegou ao continente em 2016. Desde então, Ivan Cruz tem participado de missões e eventos específicos, com o objetivo de discutir a situação da praga e propor soluções sobre a melhor maneira de conviver e controlar a lagarta na África.

Na Embrapa Milho e Sorgo já foram realizados vários eventos destinados aos países africanos. Entre eles, em março de 2018, a missão denominada Fall Armyworm Study. Esta visita envolveu autoridades de 10 países africanos que vieram ao Brasil em busca de conhecimentos estratégicos para tomada de decisões a fim de combater a principal praga que ataca as lavouras de milho. A missão foi coordenada pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e Agência Brasileira de Cooperação (ABC).

Em julho de 2019, foram recebidos representantes de Cabo Verde e de Moçambique, para a primeira edição do Curso Internacional de Controle Biológico de Pragas. Já em novembro do mesmo ano, participaram os técnicos de Guiné Bissau.

As atividades são coordenadas pela Embrapa, em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), com os governos dos países africanos, e com a Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped). Os cursos também integram ações do projeto de pesquisa em rede "Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia/ Hymenoptera Parasitoides da Região Sudeste Brasileira" (CNPq/Capes/Fapesp– INCT-Hympar Sudeste). Participa também como parceira a empresa JB Biotecnologia.

 

Sandra Brito (MTb 06230 MG)
Embrapa Milho e Sorgo

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