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21/10/20 |   Florestas e silvicultura

Pesquisas e inovações sobre sistemas de produção de Araucária são apresentadas em evento on-line

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Foto: captura de tela

captura de tela - O pesquisador Edilson Batista moderou as discussões do primeiro painel sobre araucária

O pesquisador Edilson Batista moderou as discussões do primeiro painel sobre araucária

Pesquisas e inovações sobre sistemas de produção de Araucária são apresentadas em evento online

https://www.embrapa.br/ice-intranet-theme/images/spacer.pngPesquisas e inovações sobre sistemas de produção de Araucária são apresentadas em evento online

O primeiro painel da série de eventos online da Embrapa Florestas para abordar os temas Araucária e Erva-mate foi realizado no dia 15/10. Especialistas trataram dos mais recentes assuntos referentes à pesquisa, inovação e às tecnologias sobre o cultivo da Araucaria angustifólia, espécie de grande valor econômico, socioambiental e cultural. O fórum buscou promover a atualização e a troca de informações relacionadas ao sistema de produção desta espécie, visando gerar mais renda ao produtor.

Na abertura do evento, o pesquisador da Embrapa Florestas, Ivar Wendling, que atua como presidente da comissão dos eventos sobre araucária, falou sobre a importância do uso nos sistemas de produção, como uma espécie produtiva capaz de gerar renda ao produtor, e também com uma forma de conservação.

Também participou da abertura do painel, o Diretor de Extensão Rural do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Nelson Harger, que elencou algumas possibilidades para ampliar o mercado de pinhão, como a inserção da semente na merenda escolar, o incentivo do seu uso na gastronomia local e o estabelecimento de roteiros de turismo do pinhão. Outro desafio seria desenvolver um processo de certificação do pinhão para garantir um mercado de qualidade, bem como implantar unidades de referência em pesquisa e extensão visando à produção precoce de pinhão, em parceria com a Embrapa Florestas.

Erich Schaitza, Chefe geral da Embrapa Florestas, também participou da abertura do evento, sendo posteriormente palestrante. Schaitza enfatizou a importância do fomento aos plantios de araucária, tanto em áreas de agricultura quanto de florestas (capoeiras e secundárias).

Schaitza apontou ainda que a madeira é de alta qualidade, mas que a quantidade existente hoje, se manejada de forma sustentável, não é suficiente para gerar desenvolvimento econômico. Com isso, independente de leis que restrinjam o corte, a produção madeireira de Araucária vai depender de plantios. “No começo do século, havia 50 mil hectares com a espécie, hoje são 20 mil. Sua madeira é a 4ª madeira nativa mais comercializada do país, vindo desses reflorestamentos antigos. Ninguém está plantando araucária como se fazia há 50 anos. Estamos usando hoje a que foi plantada lá no passado, ressaltou.

O chefe geral destacou a importância do pinhão e a oportunidade econômica que representa, tanto em colheitas feitas em florestas naturais, como em plantios. “Temos que tomar atitudes para gerar sistemas de produção que sejam rentáveis para quem está no campo, que melhorem o ambiente e que sejam um mecanismo para resgatarmos a Araucaria angustifolia”, disse.

Segundo Schaitza, outros aspectos importantes da silvicultura com araucária e do manejo conjunto da Floresta Ombrófila Mista é a capacidade ampliada de compor sistemas com erva-mate, bracatinga e outras espécies de alto valor. O pesquisador também instigou para o desenvolvimento de novos produtos. “Temos que reduzir a distância entre as invenções, a pesquisa e as empresas, para que produtos compráveis e atraentes comecem a ir para o mercado, e promovam a geração de renda”, sugeriu.

O moderador do painel foi o pesquisador da Embrapa Florestas Edilson Batista que, na oportunidade, citou alguns números que demonstram o potencial de mercado econômico do pinhão. “O PIB do pinhão está na ordem de 43 milhões de reais por ano. É muito baixo diante do seu potencial. O PIB do açaí passa de 1 bilhão, segundo dados do IBGE. A castanha do Pará passa de 150 milhões de reais e o da castanha de caju também é bem elevado, e esses três produtos se encontram no Brasil inteiro. Já a comercialização do pinhão, está muito limitada na região Sul. Este evento visa, justamente, ampliar este espaço”, disse. Além disso, Batista convocou as pessoas a realizarem mais parcerias em conjunto, com o intuito de ampliar o leque de pesquisas.

Para falar sobre os primeiros trabalhos de pesquisa com a araucária, um dos palestrantes foi o professor aposentado da Universidade Federal do Paraná Flavio Zanette, que vem há 35 anos estudando a espécie. Zanette fez um histórico do seu trabalho e suas contribuições. O primeiro feito ocorreu com o desenvolvimento, em 1988, em laboratório de micropropagação, do “pinheiro de proveta”, como ficou conhecido. Dez anos depois, Zanette anunciou a possibilidade da enxertia da araucária, cunhando o termo “pomares de araucária”, fato que causou certa estranheza, segundo conta. “A parceria com a Embrapa começou em seguida, promovendo muitos avanços que temos até hoje. Eu comemoro porque a araucária hoje está pautada, por meio da parceria entre as instituições pública e privada. Queremos salvá-la pelo bolso”, enfatizou. 

Ivar Wendling, pesquisador da Embrapa Florestas, em sua palestra explicou com detalhes a técnica da enxertia de galho e de tronco da araucária como sistema de produção para pinhão. O pesquisador enfatizou, ainda, importância das parcerias para o desenvolvimento deste trabalho e da variedade de usos da araucária, como madeira de alta qualidade, do alto poder calorífico dos nós de pinho, seu uso na produção de celulose e papel (devido as suas fibras longas), o pinhão na alimentação, além da utilidade das cascas e acículas.

Enxertia e sistema de produção para pinhão

A enxertia é uma técnica que tem sido usada na produção de pomares para a produção de sementes melhoradas, visando ao consumo do pinhão e também para a disponibilização de madeira ao mercado. O pesquisador fez um comparativo de plantas produzidas por sementes e plantas produzidas por enxertia. Com esta técnica, se conhece os principais fatores já na seleção da matriz, sabendo-se portanto, previamente, o sexo das plantas, algumas características do pinhão, como, qual a época de produção dentro do ano, bem como tamanho, tipo e sabor. “Quando se produz por semente, tais características só são possíveis de se conhecer após o início da produção. Plantas produzidas por semente também possuem altura que variam de 20 a 30 metros e das plantas enxertadas variam de 3 (enxertia de galho) a 15 metros (enxertia de tronco). O início da produção de pinhão das plantas produzidas por sementes variam de 12 a 15 anos, enquanto as de enxertia variam de seis a 10 anos.  Os pomares de galho, também conhecidos como mini-araucárias começaram a produzir pinhões com seis anos”, conta.

Wendling falou sobre as etapas da enxertia, que começa com a seleção e o resgate vegetativo da árvore de interesse, escolhendo-se o sexo, a época de produção, o tamanho e tipo de pinhão gerado, a composição nutricional etc. A equipe de pesquisa também atuou no desenvolvimento e disponibilização de cultivares registradas para a transferência de tecnologia de exertia a viveiristas parceiros. Dessa forma, foi repassado o uso da técnica de enxertia, bem como o material para sua execução, para um viveirista de cada estado da região sul.

A segunda etapa desse processo, segundo o pesquisador, é colocar materiais diferenciados em diferentes regiões dos estados do Sul e um em São Paulo. “Tal diferenciação se dá em termos de época de produção, tamanho e qualidade de pinhão. Aí, sim, depois de 10 a 15 anos, nós teremos árvores de araucária, cultivares avaliadas em diferentes locais. E aí poderemos colocar no mercado pinhões maiores, sem metade da casca, mais saboroso, ou menor, por exemplo. Pois a variabilidade de araucária é muito grande em termos de pinhão e nós precisamos aproveitar isso enquanto não se perca esse material genético”, explica o pesquisador.

Um trabalho que rendeu vários frutos e promete ainda mais resultados, foi apresentado pela pesquisadora da Embrapa Florestas Rossana Catie de Godoy. Diversas instituições pesquisaram distintos aspectos sobre o pinhão e a pesquisadora abordou na palestra, dentre os resultados alcançados, a avaliação nutricional, o estudo do pinhão como alimento funcional, a avaliação da conservação para consumo in natura, o desenvolvimento de novos produtos alimentícios e o desenvolvimento de compósitos com casca de pinhão. Para uma maior agregação de valor, Godoy citou a necessidade de maior articulação frente à informalidade da comercialização do pinhão. A pesquisadora também elencou os principais experimentos realizados pelo grupo de pesquisa visando à conservação na pós-colheita por meio da refrigeração. Tal permitiria a oferta atemporal do produto ao mercado, conferindo, com isso, maior lucro ao produtor. 

Catie também abordou como outro grande empecilho para a agroindustrialização do pinhão, a alternância de produção da cadeia produtiva atual do pinhão. A pesquisadora citou ainda a necessidade de desenvolvimento de tecnologias acessíveis para pequena escala, bem como de produtos com boa aceitação. Para finalizar, foram mostrados alguns produtos desenvolvidos pelo grupo de pesquisa, como descascador industrial, e alguns produtos alimentícios, como a farinha de pinhão, matéria-prima para biscoitos e snacks.

A gravação do evento está aqui.

Saiba mais sobre os próximos painéis em https://www.embrapa.br/florestas/busca-de-eventos/araucaria-evento-online

 

 

Manuela Bergamim (MTb 1951-ES)
Embrapa Florestas

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