Atributos Diagnósticos Atributos Diagnósticos

É aquele constituído por materiais originários de resíduos vegetais em diferentes estádios de decomposição, excluindo raízes vivas, mas incluindo fragmentos de carvão finamente divididos e biomassa presentes no solo como resultado de processos naturais. O material orgânico pode estar associado a material mineral em proporções variáveis. No entanto, será considerado como tal quando atender conjuntamente os seguintes requisitos:

a. O conteúdo de constituintes orgânicos deve impor preponderância de suas propriedades sobre as dos constituintes minerais; e

b. O teor de carbono orgânico deve ser igual ou maior que 80 g kg-1, avaliado na fração terra fina seca ao ar (TFSA), conforme método adotado pela Embrapa Solos.

É aquele formado predominantemente por compostos inorgânicos, em vários estádios de intemperismo. O material do solo é considerado mineral quando não satisfizer aos requisitos exigidos para material orgânico (item anterior).
Este critério é derivado de Estados Unidos (1999) e IUSS Working Group WRB (2015).

Refere-se à capacidade de troca de cátions4 relativa à fração argila, sem correção para carbono, calculada pela expressão: Valor T (cmolc kg-1) x 1.000 / conteúdo de argila (g kg-1). Atividade alta (Ta) corresponde a valor igual ou superior a 27 cmolc kg-1 de argila, e atividade baixa (Tb), a valor inferior a 27 cmolc kg-1 de argila. Este critério não se aplica a materiais de solo das classes texturais areia e areia franca.
Para distinção de classes por este critério, é considerada a atividade da fração argila no horizonte B (inclusive BA e exclusive BC) ou no horizonte C (inclusive CA), quando não existe B.
Este critério é derivado de Estados Unidos (1999).

Refere-se à proporção (taxa percentual, V% = 100 x S/T) de cátions básicos trocáveis em relação à capacidade de troca determinada a pH 7 (valor S refere-se à soma de bases). A expressão “alta saturação” se aplica a solos com saturação por bases igual ou superior a 50% (eutrófico) e “baixa saturação” a solos com valores inferiores a 50% (distrófico). Utiliza-se, ainda, o valor V ≥ 65% para identificação do horizonte A chernozêmico.
Para a distinção entre classes de solos por esse critério, é considerada a saturação por bases no horizonte diagnóstico subsuperficial (B ou C). Na ausência desses horizontes, a aplicação do critério é definida para cada classe específica.
Quando o solo tiver saturação por bases alta e simultaneamente caracteres sódico e/ou sálico ou salino, a saturação por base não é indicativa de fertilidade alta, pelo teor de sódio elevado e/ou pelos altos teores de sais solúveis. Também não é indicativa de fertilidade alta nos solos com textura nas classes areia e areia franca e valor de S inferior a 1,0 cmolc kg-1.

Consiste em um considerável aumento no teor de argila em pequena distância na zona de transição entre o horizonte A ou E e o horizonte subjacente B. Quando o horizonte A ou E tiver conteúdo de argila menor que 200 g kg-1 de solo, o teor de argila do horizonte subjacente B, determinado em uma distância vertical ≤ 7,5 cm, deve ser de pelo menos o dobro do conteúdo do horizonte A ou E. Quando o horizonte A ou E tiver conteúdo de argila igual ou maior que 200 g kg-1 de solo, o incremento de argila no horizonte subjacente B, determinado em uma distância vertical ≤ 7,5 cm, deve ser igual ou maior que 200 g kg-1 em valor absoluto na fração terra fina (p. ex.: de 300 g kg-1 para no mínimo 500 g kg-1, ou de 220 g kg-1 para no mínimo 420 g kg-1).
Este critério é derivado de IUSS Working Group WRB (2015).

 

É uma formação constituída da mistura de argila, pobre em carbono orgânico e rica em ferro, ou ferro e alumínio, com grãos de quartzo e outros minerais. Ocorre comumente sob a forma de mosqueados vermelhos, vermelho-amarelados e vermelho-escuros, com padrões usualmente laminares, poligonais ou reticulados. Quanto à gênese, a plintita se forma em ambiente úmido pela segregação de ferro, importando em mobilização, transporte e concentração final dos compostos de ferro, que pode se processar em qualquer solo onde o teor de ferro for suficiente para permitir sua segregação sob a forma de manchas vermelhas brandas.
Em condições naturais, a plintita não endurece irreversivelmente como resultado de um único ciclo de umedecimento e secagem. No solo úmido, a plintita é branda, podendo ser cortada com a faca ou quebrada manualmente.
A plintita é um corpo distinto de material rico em óxido de ferro e pode ser diferenciada dos nódulos ou concreções ferruginosas consolidadas (petroplintita) que são extremamente firmes ou extremamente duras. A plintita é firme quando úmida e dura ou muito dura quando seca, tendo diâmetro > 2 mm e podendo ser individualizada da matriz do solo, isto é, do material envolvente. Ela suporta amassamento e rolamento moderado entre o polegar e o indicador, podendo ser quebrada com a mão. A plintita, quando submersa em água por período de duas horas, não esboroa, mesmo submetida a suaves agitações periódicas, mas pode ser quebrada ou amassada após ter sido submersa em água por mais de duas horas.
As cores da plintita situam-se nos matizes de 10R a 7,5YR, com cromas altos, e estão comumente associadas a mosqueados que não são considerados como plintita, de cores bruno-amareladas e vermelho-amareladas, ou a corpos que são quebradiços, friáveis ou firmes, mas que se desintegram quando pressionados pelo polegar e o indicador e esboroam na água. A plintita pode ocorrer em forma laminar, nodular, esferoidal ou irregular.

Este critério é derivado de Estados Unidos (1999) e Daniels et al. (1978).

É material normalmente proveniente da plintita que, sob efeito de ciclos repetitivos de umedecimento seguidos de ressecamento acentuado, sofre consolidação vigorosa, dando lugar à formação de nódulos ou de concreções ferruginosas (ironstone, concreções lateríticas, canga, tapanhoacanga) de dimensões e formas variadas (laminar, nodular, esferoidal ou alongada), posicionadas verticalmente ou irregularmente e individualizadas ou aglomeradas.
Este critério é derivado de Sys (1967) e Daniels et al. (1978).

Trata-se de superfícies alisadas e lustrosas, apresentando, na maioria das vezes, estriamento marcante, produzido pelo deslizamento e atrito da massa do solo causados por movimentação devido à forte expansibilidade do material argiloso por umedecimento. São superfícies tipicamente inclinadas em relação ao prumo dos perfis.
Este critério está conforme Estados Unidos (1999) e Santos et al. (2015).

Refere-se à soma de bases trocáveis (Ca2+, Mg2+, K+ e Na+) + alumínio extraível por KCl 1 mol L-1 (Al3+) em quantidade igual ou inferior a 1,5 cmolc kg-1 de argila e que preencha pelo menos uma das seguintes condições:

a. pH KCl 1 mol L-1 igual ou superior a 5,0; ou

b. ΔpH positivo ou nulo (ΔpH = pH KCl – pH H2O).

Este critério é derivado de Estados Unidos (1994) e IUSS Working Group WRB (2015).

Refere-se à condição em que o solo se encontra dessaturado e apresenta teor de alumínio extraível ≥ 4 cmolc kg-1 de solo, além de apresentar saturação por alumínio [100 x Al+3 / (S + Al+3)] ≥ 50% e/ou saturação por bases (V% = 100 x S/T) < 50%.
Para a distinção de solos mediante este critério, é considerado o teor de alumínio extraível no horizonte B ou no horizonte C (na ausência de B).

É usado para distinguir solos que têm concentração expressiva de argila no horizonte B, porém não o suficiente para identificar um horizonte B textural ou B plânico. Este caráter é expresso pela presença simultânea de:

a. Relação textural (B/A) igual ou maior que 1,4 (calculada empregando-se os mesmos critérios para a caracterização de horizonte B textural); e

b. Horizonte B com estrutura prismática em qualquer grau de desenvolvimento ou em blocos de, no mínimo, grau moderado.

Trata-se de propriedade referente à presença de 150 g kg-1 de solo ou mais de CaCO3 equivalente sob qualquer forma de segregação, inclusive nódulos e/ou concreções, desde que não satisfaça aos requisitos estabelecidos para horizonte cálcico.
Este critério é derivado de Estados Unidos (1999).

Trata-se de propriedade referente à presença de CaCO3 equivalente sob qualquer forma de segregação, inclusive nódulos e/ou concreções, igual ou superior a 50 g kg-1 de solo e inferior a 150 g kg-1 de solo. Esta propriedade discrimina solos sem caráter carbonático, mas que possuem CaCO3 em algum horizonte.
Este critério está conforme o suplemento do Soil Survey Manual (Estados Unidos, 1951).

É usado para distinguir solos com horizontes pedogenéticos subsuperficiais adensados, muito resistentes à penetração de faca ou martelo pedológico e que são de muito duros a extremamente duros quando secos, passando a friáveis ou firmes quando úmidos. Uma amostra úmida quando submetida à compressão deforma-se lentamente, ao contrário do fragipã, que apresenta quebradicidade (desintegração em fragmentos menores).

Esses horizontes são de textura média, argilosa ou muito argilosa e, em condições naturais, têm uma fraca organização estrutural, sendo geralmente maciços ou com tendência à formação de blocos. O caráter coeso é comumente observado nos horizontes transicionais AB e/ou BA entre 30 cm e 70 cm a partir da superfície do solo, podendo prolongar-se até o Bw ou coincidir com o Bt, no todo ou em parte. Uma amostra de horizonte com caráter coeso, quando seca, desmancha-se ao ser imersa em água.


Este critério é derivado de Jacomine (2001), Ribeiro (2001) e Santos et al. (2015).

É termo usado para definir solos que apresentam petroplintita na forma de nódulos ou concreções em um ou mais horizontes dentro da seção de controle que defina a classe, com quantidade e/ou espessura insuficientes para caracterizar horizonte concrecionário. É requerida petroplintita em quantidade mínima de 5% por volume.

Refere-se à predominância, na maior parte do horizonte B, excluído o BC, de cores (amostra úmida), conforme definido a seguir:

a. Matiz 5YR ou mais vermelho, com valores iguais ou maiores que 3 e cromas iguais ou maiores que 4; ou

b. Matiz mais amarelo que 5YR>até 10YR, valores iguais ou maiores que 4 e cromas iguais ou maiores que 4; ou

c. Matiz mais amarelo que 10YR até 5Y, valores iguais ou maiores que 5 e cromas maiores que 4.

É utilizado para caracterizar solos que apresentem cimentação forte em um ou mais horizontes dentro da seção de controle que defina a classe, incluindo-se solos com presença de duripã, ortstein, plácico e outros horizontes com cimentação forte que não se enquadrem na definição de horizontes litoplíntico, concrecionário e petrocálcico.

Diz respeito à dominância de cores escuras, quase pretas, na maior parte do horizonte diagnóstico subsuperficial com predominância de cores, conforme definido a seguir:

a. Para matiz 7,5YR ou mais amarelo: 

  • 1. Cor úmida: valor < 4 e croma < 3.
  • 2. Cor seca: valor < 6.

b. Para matiz mais vermelho que 7,5YR: 

  • 1. Cor úmida: preto ou cinzento muito escuro (Munsell).
  • 2. Cor seca: valor < 5.

É utilizado para caracterizar solos que apresentam acúmulo iluvial de complexos organometálicos em subsuperfície e que não satisfazem aos critérios para horizonte B espódico e Espodossolo.

É usado para distinguir solos que apresentam pH (em H2O) ≥ 5,7, conjugado com valor S (soma de bases) ≥ 2,0 cmolc kg-1 de solo dentro da seção de controle que defina a classe.

É usado para identificar solos formados sob forte influência de sedimentos de natureza aluvionar ou colúvio-aluvionar, que apresentam pelo menos um dos seguintes requisitos:

a. Camadas estratificadas, identificadas por variações irregulares (erráticas) de granulometria ou de outros atributos do solo em profundidade; e/ou

b. Distribuição irregular (errática) do conteúdo de carbono orgânico em profundidade, não relacionada a processos pedogenéticos.

É usado para definir solos que apresentam petroplintita na forma contínua e consolidada em um ou mais horizontes em alguma parte da seção de controle que defina a classe, cuja espessura do material ferruginoso seja insuficiente para caracterizar horizonte litoplíntico.

É usado para identificar horizonte adensado e com permeabilidade lenta ou muito lenta, cores acinzentadas ou escurecidas, neutras ou próximo delas, ou com mosqueados de redução, que não satisfazem aos requisitos para horizonte plânico e que ocorrem em toda a extensão do horizonte, excluindo-se horizonte com caráter plíntico. É também aplicado para solos com caráter redóxico acima do horizonte B conjugado com mudança textural abrupta.

É usado para distinguir solos que apresentam plintita em quantidade insuficiente ou que apresentam um ou mais horizontes com quantidade satisfatória de plintita, porém com espessura insuficiente para caracterizar horizonte plíntico, em alguma parte da seção de controle que defina a classe. É requerida plintita em quantidade mínima de 5% por volume.

Refere-se à presença de feições redoximórficas (Estados Unidos, 1999; Kämpf; Curi, 2012) na seção de controle da classe de solo, resultante da saturação temporária com água em horizontes e/ou camadas, que induzam a ocorrência de processos de redução e oxidação, com segregação de ferro e/ou de manganês, na forma de cores mosqueadas e/ou variegadas. O caráter redóxico não se aplica aos horizontes plíntico e glei, bem como não tem precedência sobre o caráter plíntico.
A saturação temporária pode ocorrer em horizontes localizados acima de um horizonte B com baixa condutividade hidráulica, formando, às vezes, um lençol freático suspenso. Nesse caso, o caráter redóxico pode manifestar-se em zonas mais próximas da superfície do solo, em horizontes que antecedem o B e/ou no topo deste. Em outros casos, a saturação temporária pode ocorrer em profundidades maiores, favorecida pela existência de horizontes ou camadas com permeabilidade muito baixa, tais como em zonas situadas acima de camadas adensadas (fragipã ou duripã), em saprólitos pouco permeáveis ou mesmo em rocha.


Em qualquer caso, o tempo de saturação deve ser suficientemente longo para formar um ambiente temporariamente redutor, que possa promover a dissolução de compostos de ferro e/ou de manganês e sua segregação posterior durante o secamento.


O caráter redóxico se manifesta na forma de coloração variegada ou de mosqueados, no mínimo comuns e distintos, admitindo-se, no caso de difusos, somente quando em quantidade abundante. O padrão de cores dos mosqueados pode ser bastante variável, dependendo da intensidade dos processos de oxirredução, da textura, da posição do solo na paisagem e outros. A saturação temporária com água, promovendo principalmente depleção de compostos de ferro, pode induzir desde um forte descoramento da matriz (neste caso, restrito aos horizontes acima do horizonte B ou no seu topo) até situações em que a matriz apresenta-se mais colorida, entremeada por zonas de depleção descoradas, formando geralmente um padrão reticulado ou poligonal semelhante à plintita.


O caráter redóxico passa a englobar, na sua definição, o caráter epiáquico, constante da versão do SiBCS das edições de 1999 e 2006, ampliando seus limites para as situações de presença de feições redoximórficas tanto em horizontes mais superficiais como em horizontes ou camadas mais subsuperficiais. O caráter redóxico deve ser aplicado para expressar condição de oscilação temporária do lençol freático em camadas ou horizontes do perfil, nos quais geralmente identifica-se drenagem moderada ou imperfeita, distinguindo tais classes de solos das modalidades típicas. Quando ocorre caráter redóxico dentro de 50 cm a partir da superfície do solo, discrimina classes de solos epirredóxicos. Se verificado a uma profundidade maior que 50 cm e menor ou igual a 150 cm a partir da superfície do solo, discrimina classes de solos endorredóxicos.


Este critério é derivado de FAO (1998), Estados Unidos (1999) e Kämpf e Curi (2012).

 

É usado para classes de Latossolos e Nitossolos, ambos Brunos e Vermelhos, de textura argilosa e muito argilosa, que apresentam retração acentuada da massa do solo após a exposição dos perfis ao efeito de secamento por algumas semanas, resultando na formação de fendas verticais pronunciadas e estruturas prismáticas grandes e muito grandes, que se desfazem em blocos quando manuseadas. Nos cortes com maior exposição solar, os blocos tendem naturalmente a se individualizar em unidades estruturais cada vez menores que se desprendem da massa do solo e se acumulam na parte inferior do perfil, configurando uma forma triangular semelhante a uma “saia” ao se observar lateralmente a seção vertical do perfil.

Embora, nesses solos, predomine a caulinita, o caráter retrátil decorre possivelmente da presença de argilominerais 2:1 com hidróxi-Al entrecamadas (vermiculita com hidróxi-Al e esmectita com hidróxi-Al), interestratificados caulinita-esmectita e/ou da pequena dimensão dos argilominerais presentes na fração argila. Este caráter é típico de alguns solos encontrados sob condições de clima subtropical úmido dos planaltos alto-montanos do sul do Brasil.


A metodologia para avaliação quantitativa do caráter retrátil, ainda em fase de validação, é sugerida por Silva et al. (2017).

É o caráter utilizado para indicar avermelhamento em profundidade nas classes dos Latossolos Brunos e Nitossolos Brunos que apresentam, em alguma parte da seção de controle que define a classe (exclusive horizonte BC), cor úmida com matiz mais vermelho que 5YR e valor menor ou igual a 4 e cor seca com apenas uma unidade a mais em valor.

É a propriedade referente à presença de sais mais solúveis em água fria que o sulfato de cálcio (gesso), em quantidade tóxica à maioria das culturas, indicada por condutividade elétrica no extrato de saturação igual ou maior que 7 dS m-1 (a 25 °C), em alguma época do ano.

É a propriedade referente à presença de sais mais solúveis em água fria que o sulfato de cálcio (gesso), em quantidade que interfere no desenvolvimento da maioria das culturas, indicada por condutividade elétrica do extrato de saturação igual ou maior que 4 dS m-1 e menor que 7 dS m-1 (a 25 °C), em alguma época do ano.
Este critério é derivado de Estados Unidos (1951, 1954).

É usado para distinguir horizontes ou camadas que apresentem saturação por sódio (100 Na+ / T) ≥ 15% em alguma parte da seção de controle que defina a classe.
Este critério é derivado de Estados Unidos (1954, 1999).

É usado para distinguir horizontes ou camadas que apresentem saturação por sódio (100 Na+ / T) variando de 6% a < 15% em alguma parte da seção de controle que defina a classe.
Este critério é derivado de IUSS Working Group WRB (2015).

É característica ocorrente em certos horizontes subsuperficiais, transicionais ou principais (AB, BA ou B) de solos minerais de drenagem livre e dessaturados, nos quais haja evidência de acumulação de húmus que não atenda à definição de horizonte espódico e tampouco tenha características que indiquem tratar-se de horizonte A enterrado, devendo atender a todos os seguintes critérios:

a. Apresentar 10 cm ou mais de espessura;

b. Não possuir, no seu limite superior, um horizonte eluvial E;

c. Não atender ao conjunto de características exigidas para o horizonte espódico;

d. Apresentar o(s) horizonte(s) subsuperficial(is) escuro(s) em continuidade lateral nos vários segmentos da paisagem, indicando origem pedogenética e descartando a possibilidade de ser um horizonte A enterrado;

e. Apresentar valores e cromas, nos estados seco e/ou úmido, mais baixos do que os do horizonte sobrejacente;

f. Ter saturação por bases inferior a 50% (distrófico); e

g. Possuir evidências de acumulação de húmus, seja pela presença de cutans preferencialmente depositados na superfície dos peds ou nos poros (mais do que uniformemente disseminados na matriz), seja pelo conteúdo maior de carbono em relação ao horizonte imediatamente sobrejacente.

É caracterizado pela presença de slickensides (superfícies de fricção), fendas ou estruturas cuneiformes e/ou paralelepipédicas em quantidade e expressão insuficientes para caracterizar horizonte vértico.

Refere-se ao contato entre o solo (qualquer horizonte ou camada) e o material subjacente de constituição mineral, praticamente contínuo, extremamente resistente à quebra com martelo pedológico ou cuja resistência seja tão forte que, mesmo quando molhado, torna a escavação com a pá reta impraticável ou muito difícil, impedindo o livre crescimento do sistema radicular e a circulação de água, que são limitados a algumas fraturas e/ou diáclases porventura existentes.

Tais materiais são representados por rochas sãs (camada R) ou em qualquer grau de alteração desde que duras a extremamente duras, de qualquer natureza (ígneas, sedimentares ou metamórficas), ou por camadas transicionais ou intermediárias constituídas majoritariamente por rocha dura (RCr ou R/Cr). Não é considerado contato lítico o contato entre o solo e os horizontes diagnósticos petrocálcico, litoplíntico, concrecionário, ortstein, plácico, duripã e fragipã.

Refere-se a um tipo de contato lítico em que o material subjacente ao solo, de mesma natureza e características definidas para o contato lítico, ao invés de ocorrer como uma camada homogênea contínua ou apenas com algumas fendas ocasionais, encontra-se fragmentado, permitindo a penetração e crescimento de raízes e a circulação da água.

São materiais que contêm compostos de enxofre oxidáveis, que ocorrem em solos de natureza mineral ou orgânica, localizados em áreas encharcadas, com valor de pH maior que 3,5 e que, se incubados na forma de camada com 1 cm de espessura sob condições aeróbicas úmidas (capacidade de campo) e em temperatura ambiente, mostram decréscimo no pH de 0,5 ou mais unidades para um valor de pH 4,0 ou menor (1:1 por peso em água ou com um mínimo de água para permitir a medição) no intervalo de até 8 semanas.


Materiais sulfídricos se acumulam em solo ou sedimento permanentemente saturado, geralmente com água salobra. Os sulfatos na água são reduzidos biologicamente a sulfetos à medida que os materiais se acumulam. Materiais sulfídricos muito comumente estão associados aos alagadiços costeiros e às proximidades da foz de rios que transportam sedimentos não calcários, mas podem ocorrer em alagadiços de água fresca se houver enxofre na água. Materiais sulfídricos de áreas altas podem ter se acumulado de maneira similar em períodos geológicos passados.


Se um solo contendo materiais sulfídricos for drenado ou se os materiais sulfídricos forem expostos de alguma outra maneira às condições aeróbicas, os sulfetos oxidam-se e formam ácido sulfúrico. O valor de pH, que normalmente está próximo da neutralidade antes da drenagem ou exposição, pode cair para valores abaixo de 3,0. O ácido pode induzir a formação de sulfatos de ferro e de alumínio. O sulfato básico de ferro [K Fe (SO4)2 (OH)6] (jarosita) pode ser segregado, formando os mosqueados amarelos que comumente caracterizam o horizonte sulfúrico. A transição de materiais sulfídricos para horizonte sulfúrico normalmente requer poucos anos e pode ocorrer dentro de poucas semanas. Uma amostra de materiais sulfídricos submetida à secagem ao ar à sombra por cerca de 2 meses com reumedecimento ocasional torna-se extremamente ácida.


Apesar de não haver especificação de critério de cor para materiais sulfídricos, os materiais de solo mineral que se qualificam como sulfídricos apresentam, quase sempre, cores de croma 1 ou menor (cores neutras N). Por outro lado, materiais de solo orgânico sulfídrico comumente têm croma mais alto (2 ou maior). Os valores são 5 ou menores, mais comumente 4 ou menores. Os matizes são 10YR ou mais amarelos, ocasionalmente com matizes esverdeados ou azulados. Materiais sulfídricos geralmente não têm mosqueados, exceto por diferentes graus de cinza ou preto, a não ser que estejam iniciando um processo de oxidação, o qual pode ser evidenciado pela precipitação de óxidos de ferro em fendas ou canais.


Este critério é derivado de Fanning et al. (1993), Estados Unidos (1994) e Kämpf et al. (1997).

O emprego do teor de óxidos de ferro (expresso na forma Fe2O3 e obtido por extração com ataque sulfúrico) possibilita uma melhor separação das classes de solos. Considerando-se os teores de óxidos de ferro, pode-se separar:

a. Solos com baixo teor de óxidos de ferro: teores < 80 g kg-1 de solo (hipoférrico);

b. Solos com médio teor de óxidos de ferro: teores variando de 80 g kg-1 a < 180 g kg-1 de solo (mesoférrico);

c. Solos com alto teor de óxidos de ferro: teores de 180 g kg-1 a < 360 g kg-1 de solo (férrico). O termo “férrico” é aplicado também à classe dos Nitossolos que apresentem teores de Fe2O3 (pelo H2SO4) ≥ 150 g kg-1 e < 360 g kg-1 de solo; e

d. Solos com muito alto teor de óxidos de ferro: teores ≥ 360 g kg-1 de solo (perférrico).

Os seguintes atributos são utilizados nos Organossolos:

a. Material orgânico fíbrico – material orgânico constituído de fibras, facilmente identificável como de origem vegetal. Tem 40% ou mais de fibras esfregadas por volume e índice do pirofosfato igual a 5 ou maior. Se o conteúdo de fibras for igual ou superior a 75% por volume, o critério do pirofosfato não se aplica. O material fíbrico é usualmente classificado na escala de decomposição de von Post nas classes 1 a 4. Apresenta cores, obtidas pelo método do pirofosfato de sódio, avaliadas na página do matiz 10YR, com valores e cromas de 7/1, 7/2, 8/1, 8/2 ou 8/3 (Munsell..., 1994);

b. Material orgânico hêmico – material orgânico em estádio de decomposição intermediário entre fíbrico e sáprico. O material é parcialmente alterado por ação física e bioquímica. Não satisfaz aos requisitos para material fíbrico ou sáprico. O conteúdo de fibra esfregada varia de 17% a 40% por volume. O material hêmico é usualmente classificado na escala de decomposição de von Post na classe 5 ou 6;

c. Material orgânico sáprico – material orgânico em estádio avançado de decomposição. Normalmente, tem o menor teor de fibras, a mais alta densidade e a mais baixa capacidade de retenção de água no estado de saturação, dentre os três tipos de materiais orgânicos. É muito estável física e quimicamente, alterando-se muito pouco no decorrer do tempo, a menos que o solo seja drenado. O conteúdo de fibra esfregada é menor que 17% por volume, e o índice do pirofosfato é igual a 3 ou menor. O material sáprico é usualmente classificado na escala de decomposição de von Post na classe 7 ou mais alta. Apresenta cores, obtidas pelo método do pirofosfato de sódio, avaliadas na página do matiz 10YR, com valores menores que 7, exceto as combinações de valor e croma de 5/1, 6/1, 6/2, 7/1, 7/2 ou 7/3 (Munsell..., 1994).

Este critério é derivado de Estados Unidos (1998).

Referem-se à presença de compostos inorgânicos amorfos ou com baixo grau de ordenamento estrutural, tais como alofanas e imogolitas (modalidades siluândicas), ou resultantes da presença de Al e Fe complexados com húmus (modalidades aluândicas).

São critérios definidores:

a. Densidade do solo com valores ≤ 0,9 kg dm-3; e

b. Retenção de fosfato ≥ 85%; e

c. Teores de Alo + ½ Feo ≥ 2%.

Os critérios são baseados nos sistemas WRB (IUSS Working Group WRB, 2015) e Soil Taxonomy (Estados Unidos, 2014), assim como em trabalho de Santos Júnior (2017). Ainda está em fase de validação, com recomendação de que seja utilizado como critério diferenciador no 5º nível categórico, para as classes de Cambissolos Hísticos e Organossolos Fólicos.

Outros Atributos Outros Atributos

É a concentração de material inorgânico na forma de preenchimento de poros, de revestimento de unidades estruturais (agregados ou peds) ou de partículas das frações grosseiras (grãos de areia, por exemplo) que se apresenta com aspecto lustroso e brilho graxo. Pode ser resultante do revestimento por material inorgânico, frequentemente argila, e/ou do rearranjo de partículas nas superfícies das unidades estruturais (clay skins, cutans, etc.). Esta característica, quando constatada, deve ser descrita no campo, segundo Santos et al. (2015), podendo ser confirmada por análise micromorfológica. A cerosidade inclui todas as ocorrências em suas diversas formas de expressão (clay skins, cutans, etc.).

Em suma, a cerosidade apresenta-se como revestimentos com aspecto lustroso e brilho graxo, similar à cera derretida e escorrida, recobrindo unidades estruturais ou partículas primárias. Em ambos os casos, pode ser identificada com maior facilidade com o auxílio de lupas de pelo menos 10 vezes de aumento por observação direta na superfície dos elementos ou nas arestas das seções produzidas quando são quebrados os peds.

A cerosidade é um atributo que pode ser essencial na definição dos horizontes B textural e B nítico e na distinção entre estes e outros horizontes diagnósticos.
Este critério é adaptado de Estados Unidos (1999).

São superfícies alisadas, virtualmente sem estriamento, provenientes de compressão na massa do solo em decorrência de expansão do material por ação de hidratação, podendo apresentar certo brilho quando úmidas ou molhadas.

Constituem feição mais comum a solos de textura argilosa ou muito argilosa, e as superfícies não têm orientação preferencial inclinada em relação ao prumo do perfil. São observadas na parte externa dos agregados.

Podem se apresentar sob duas formas:

a. Superfícies de compressão brilhantes: superfícies com brilho dependente do estado de umidade do solo. São observadas em solos com forte desenvolvimento estrutural, em blocos ou prismas e geralmente com boa drenagem, podendo ou não estar associadas à presença de revestimentos (cerosidade). São frequentes, por exemplo, nos Nitossolos Vermelhos; e

b Superfícies de compressão foscas: superfícies muito tênues e pouco nítidas, apresentando usualmente pouco contraste de cor com a matriz do agregado, tendo aspecto embaçado ou fosco e não podendo ser identificadas como cerosidade (Curi, 1993). São frequentes, por exemplo, nos Nitossolos Brunos.

Nota: atentar para o fato de que nem todas as superfícies foscas são superfícies de compressão.

É o microrrelevo típico de solos argilosos que têm um alto coeficiente de expansão com aumento no teor de umidade.
Consiste em saliências convexas distribuídas em áreas quase planas ou configura feição topográfica de sucessão de pequenas depressões e elevações.
Este critério está conforme Estados Unidos (1999).

É propriedade inerente a alguns materiais argilosos manifesta pela formação de camada superficial de agregados geralmente granulares e soltos, fortemente desenvolvidos, resultantes de umedecimento e secagem. Quando destruídos pelo uso de implementos agrícolas, os agregados se recompõem normalmente pelo efeito de apenas um ciclo de umedecimento e secagem.
Este critério está conforme Estados Unidos (1999).

É calculada dividindo-se os teores de silte pelos de argila obtidos da análise granulométrica. A relação silte/argila pode ser usada para avaliar o estádio de intemperismo em solos de regiões tropicais. É empregada em solos de textura francoarenosa ou mais fina. Indica alto grau de intemperismo quando apresenta, na maior parte do horizonte B, valor inferior a 0,7 nos solos de textura média ou valor inferior a 0,6 nos solos de textura argilosa ou muito argilosa.

Essa relação pode ser usada como característica acessória para distinguir horizonte B latossólico de B incipiente, quando eles apresentam características morfológicas semelhantes, e, principalmente, para identificar solos cujo material de origem é derivado de rochas cristalinas, como as rochas graníticas e gnáissicas.

São minerais instáveis principalmente em clima úmido em comparação com outros minerais mais resistentes, tais como quartzo e argilas do grupo das caulinitas, e que, quando se intemperizam, liberam nutrientes para as plantas e ferro ou alumínio. Os minerais que são incluídos entre os alteráveis são:

a. Minerais encontrados na fração menor que 0,002 mm (fração argila): inclui todos os argilominerais do tipo 2:1, exceto a vermiculita com hidróxi-Al nas entrecamadas (VHE), comumente encontrada em Latossolos e alguns Argissolos e Nitossolos;

b. Minerais encontrados na fração entre 0,002 mm e 2 mm (minerais das frações silte e areia): feldspatos, feldspatoides, minerais ferromagnesianos como piroxênios e anfibólios, vidros vulcânicos, zeolitas, apatita e micas, incluindo a muscovita (que resiste por algum tempo à intemperização, mas que termina também desaparecendo).

Este critério é derivado de FAO (1990) e Estados Unidos (1994).

É a reunião de uma ou mais classes de textura (Figura 1). Registrados em notação simples, binária ou ternária, são utilizados os seguintes grupamentos texturais:

Textura arenosa – material que compreende as classes texturais areia e areia franca, ou seja, teor de areia menos teor de argila > 700 g kg-1;

Textura média – material com menos de 350 g kg-1 de argila e mais de 150 g kg-1 de areia, excluídas as classes texturais areia e areia franca;

Textura argilosa – material com conteúdo de argila entre 350 g kg-1 e 600 g kg-1;

Textura muito argilosa – material com conteúdo de argila superior a 600 g kg-1;

Textura siltosa – material com menos de 350 g kg-1 de argila e menos de 150 g kg-1 de areia.

Figura 1: Guia para agrupamento de classes de textura

Os contrastes texturais entre horizontes dos solos são expressos por notação binária ou ternária, na forma de frações, como, “textura média/argilosa” (binária) e “textura arenosa/média/muito argilosa” (ternária). Podem ser utilizados nas várias classes de solos para indicar variações das classes texturais em profundidade.

Refere-se à constituição macroclástica do material mineral componente do solo. É característica distintiva, em função da proporção de cascalhos (de 2 mm a 2 cm) em relação à terra fina (fração menor que 2 mm). Quando expressiva, a quantidade de cascalho deve ser utilizada como modificador do grupamento ou subgrupamento textural, sendo reconhecidas (Santos et al., 2015) as seguintes classes:

Pouco cascalhenta – conteúdo de cascalho entre 80 g kg-1 e menos que 150 g kg-1;

Cascalhenta – conteúdo de cascalho entre 150 g kg-1 e 500 g kg-1;

Muito cascalhenta – conteúdo de cascalho superior a 500 g kg-1.

A ocorrência de cascalho é utilizada como qualificativo do grupamento ou subgrupamento textural, por exemplo: “textura argilosa cascalhenta”.

Refere-se à condição em que mais de 35% e menos de 90% do volume total da massa do solo são constituídos por material mineral com diâmetro maior que 2 cm. Esta característica qualifica o grupamento textural ou subgrupamento (p. ex., “textura arenosa esquelética” ou “textura muito arenosa esquelética”). Quando este quantitativo ultrapassar 90% desde a superfície, é considerado tipo de terreno.