Embrapa Solos
Formação do Solo
O solo é um sistema aberto entre os diversos geoecossistemas do nosso Planeta, que está constantemente sob ação de fluxos de matéria e energia. Essa condição o torna um sistema dinâmico, ou seja, o solo evolui, se desenvolve e se forma de maneira contínua no ambiente em que está inserido.
A formação do solo é dada pela interação de fatores do ambiente ao longo do tempo, conforme descrito por Jenny (1941):
S = f (m, r, o, c, v, t);
em que f = função; m = material de origem; r = relevo; o = organismos, v = vegetação; t = tempo.
Este modelo é uma expressão qualitativa, ou semiquantitativa da formação do solo e continua aceito até hoje, contribuindo para os atuais fundamentos da pedologia, que são expressos pela interação dos fatores de formação do solo sob a atuação da dinâmica interna do sistema solo e de processos pedogenéticos específicos para um determinado pedoambiente, resultando em solos com propriedades e características próprias que exercem suas funções na paisagem em que se inserem.
As feições morfológicas e as características do solo refletem a atuação dos processos pedogenéticos na sua formação.
Os processos pedogenéticos são estudados em duas vias: I) o modelo de processos múltiplos, baseado em quatro processos básicos de formação do solo: adições, perdas, transformações e translocações; II) o modelo de processos específicos, que considera as características dos diferentes tipos de solos, como resultado da atuação de mecanismos específicos na integração dos fatores de formação dos solos, como por exemplo: laterização, silicificação, ferralitização, gleização, podzolização, salinização, etc.
A interpretação dos processos pedogenéticos permite entender o solo no seu ambiente de ocorrência e a organização de sistemas de classificação de solos.
Processos pedogenéticos
Processos pedogenéticos específicos | Processos múltiplos | Descrição resumida do processo | Exemplo de ocorrência |
Ferralitização | Remoção, transformação e translocação | Remoção de sílica e concentração de óxidos de Fe e Al. | Latossolos, Nitossolos, caráter ácrico |
Silicificação | Transformação e translocação | Migração e acúmulo de sílica cimentando estruturas ou a matriz do solo | Latossolos e Argissolos Amarelos coesos |
Plintitização e laterização | Transformação e translocação | Redução e translocação de Fe e oxidação e precipitação originando mosqueados, plintita ou petroplintita | Plintossolos |
Lessivagem ou argiluviação | Translocação | Migração vertical de argila no solo | Argissolos, Luvissolos, horizontes E, lamelas |
Podzolização | Transformação e translocação | Migração de complexos de Fe, Al e matéria orgânica no solo com acúmulo em horizonte iluvial, com ou sem sílica | Espodossolos, Ortstein |
Gleização | Remoção, transformação e translocação | Redução de Fe em condições anaeróbias e translocação formando horizontes acinzentados com ou sem mosqueados | Gleissolos, Planossolos |
Calcificação ou carbonatação | Translocação | Acumulação de CaCO3 com nódulos ou horizonte endurecido | Luvissolos, Chernossolos Rêndzicos |
Ferrólise | Remoção, transformação e translocação | Destruição de argila com formação de horizonte B textural | Planossolos, Argissolos |
Salinização | Translocação | Acumulação de sais por evaporação no horizonte superficial ou na superfície do solo | Gleissolos sálicos |
Sulfurização ou tiomorfismo | Transformação e translocação | Acidificação do solo causada pela oxidação de compostos de enxofre | Gleissolos Tiomórficos |
Adaptado de Kämpf & Curi (2012).