Horizontes Diagnósticos Superficiais Horizontes Diagnósticos Superficiais

É um tipo de horizonte de coloração preta, cinzenta muito escura ou brunada em que predominam características relacionadas ao elevado teor de matéria orgânica. É resultante de acumulações de resíduos vegetais, em graus variáveis de decomposição, depositados superficialmente, ainda que, no presente, possa encontrar-se recoberto por horizontes ou depósitos minerais e mesmo camadas orgânicas mais recentes. Mesmo após revolvimento da parte superficial do solo (por exemplo, por aração), os teores de carbono orgânico (Valladares, 2003), após mescla com material mineral oriundo de horizontes ou camadas inferiores, mantêm-se elevados e superiores ou iguais a 80 g kg-1.

O horizonte hístico é formado em dois ambientes distintos:

a. Horizonte O hístico – formado a partir de materiais depositados em condição de drenagem livre (saturados com água por menos de 30 dias consecutivos no período das chuvas), sem estagnação de água, condicionados, sobretudo, pelo clima úmido, frio e de vegetação alto-montana. Pode estar assentado sobre contato lítico, contato lítico fragmentário ou qualquer tipo de horizonte (A, B ou C);

b. Horizonte H hístico – formado a partir de materiais depositados sob condições de excesso de água, por longos períodos ou por todo o ano, ainda que, no presente, tenha sido artificialmente drenado. Geralmente estão assentados sobre horizonte C, em alguns casos, por influência de drenagem artificial, sobre horizontes A e B. Podem ocorrer à superfície ou estar soterrados por material mineral.

O horizonte hístico deve atender a um dos seguintes requisitos:

a. Espessura maior ou igual a 20 cm;

b. Espessura maior ou igual a 40 cm quando 75% ou mais do volume do horizonte for constituído de tecido vegetal na forma de restos de ramos finos, raízes finas e cascas de árvores, excluindo as partes vivas;

c. Espessura de 10 cm ou mais quando sobrejacente a um contato lítico ou lítico fragmentário ou a um horizonte e/ou camada constituído por 90% ou mais (em volume) de material mineral com diâmetro maior que 2 mm (cascalhos, calhaus e matacões).

É um horizonte mineral superficial, relativamente espesso, de cor escura, com alta saturação por bases e que, mesmo após revolvimento superficial (por exemplo, por aração), deve ter as seguintes características:

a. Estrutura do solo suficientemente desenvolvida, com agregação e grau de desenvolvimento predominantemente moderado ou forte, não sendo admitida, simultaneamente, estrutura maciça e consistência do solo quando seco nas classes dura, muito dura ou extremamente dura. Prismas sem estrutura secundária, com dimensão superior a 30 cm, também não são admitidos, à semelhança de estrutura maciça;

b. Cor do solo de croma igual ou inferior a 3 quando úmido, valores iguais ou mais escuros que 3 quando úmido e que 5 quando seco. Se o horizonte superficial apresentar 400 g kg-1 de solo ou mais de carbonato de cálcio equivalente, os limites de valor quando seco são relegados; quando úmido, o limite passa a ser de 5 ou menos;

c. Saturação por bases (valor V) de 65% ou mais, com predomínio do íon cálcio e/ou magnésio;

d. Conteúdo de carbono orgânico de 6 g kg-1 de solo ou mais em todo o horizonte, conforme o critério de espessura no item seguinte. Se, devido à presença de 400 g kg-1 de solo ou mais de carbonato de cálcio equivalente, os requisitos de cor forem diferenciados do usual, o conteúdo de carbono orgânico será de 25 g kg-1 de solo ou mais nos 18 cm superficiais. O limite superior do teor de carbono orgânico, para caracterizar o horizonte A chernozêmico, é o limite inferior excludente do horizonte hístico;

e. Espessura, incluindo horizontes transicionais (tais como AB, AE ou AC), mesmo quando revolvido o material de solo, de acordo com um dos seguintes requisitos: 

1. 10 cm ou mais, se o horizonte A é seguido de contato com a rocha; ou

2. 18 cm (no mínimo) e mais que um terço da espessura do solum (A+B), se este tiver menos que 75 cm; ou

3. Para solos sem horizonte B, 18 cm no mínimo e mais de um terço da espessura dos horizontes A+C, se esta for inferior a 75 cm; ou

4. 25 cm (no mínimo), se o solum tiver 75 cm ou mais de espessura.

É um horizonte mineral superficial, com valor e croma (cor do solo úmido) iguais ou inferiores a 4 e saturação por bases (valor V) inferior a 65%, apresentando espessura e conteúdo de carbono orgânico (CO) dentro de limites específicos, conforme os seguintes critérios:

a. Espessura mínima como a descrita para o horizonte A chernozêmico;

b. Conteúdo de carbono orgânico inferior ao limite mínimo para caracterizar o horizonte hístico;

c. Conteúdo total de carbono igual ou maior que o valor obtido pela seguinte inequação:

d. Σ (CO, em g kg-1, de sub-horizontes A x espessura do sub-horizonte, em dm) ≥ 60 + (0,1 x média ponderada de argila, em g kg-1, do horizonte superficial, incluindo AB ou AC).

Assim, deve-se proceder aos seguintes cálculos para avaliar se o horizonte pode ser qualificado como húmico. Inicialmente, multiplica-se o conteúdo de carbono orgânico (g kg-1) de cada sub-horizonte pela espessura do mesmo sub-horizonte, em dm [CO (g kg-1) de cada sub-horizonte A x espessura do mesmo sub-horizonte (dm)]. O somatório dos produtos dos conteúdos de CO pela espessura dos sub-horizontes é o conteúdo de CO total do horizonte A (CO total). A seguir, calcula-se a média ponderada de argila do horizonte A, a qual é obtida multiplicando-se o conteúdo de argila (g kg-1) do sub-horizonte pela espessura do mesmo sub-horizonte (dm) e pidindo-se o resultado pela espessura total do horizonte A, em dm (teor de argila dos sub-horizontes A em g kg-1 x espessura dos mesmos sub-horizontes em dm / espessura total do horizonte A em dm).

O valor de CO total requerido para um horizonte qualificar-se como húmico deve ser maior ou igual aos resultados obtidos pela seguinte inequação:

CO total ≥ 60 + (0,1 x média ponderada de argila do horizonte A)

Para facilitar a compreensão dos procedimentos acima, é apresentado, na Tabela 1, um exemplo prático dos cálculos realizados em um horizonte A, descrito e coletado em campo.

Tabela 1. Exemplo de cálculo em horizonte A

Substituindo a média ponderada de argila na inequação “CO total ≥ 60 + (0,1 x média ponderada de argila)”, tem-se:


CO total ≥ 60 + (0,1 x 220,74) = 82,07.


O valor de CO total existente no horizonte A é de 99,78, portanto, maior que 82,07 (considerado como o mínimo requerido para que o horizonte seja enquadrado como A húmico) em função do conteúdo médio ponderado de argila de 220,74 g kg-1. Assim, o horizonte usado como exemplo é húmico.
Este critério está conforme Carvalho et al. (2003).

Tem características comparáveis àquelas do A chernozêmico no que se refere a cor, teor de carbono orgânico, consistência, estrutura e espessura, diferindo, essencialmente, por apresentar saturação por bases (valor V) inferior a 65%. Difere do horizonte A húmico pelo teor de carbono orgânico conjugado com espessura e teor de argila.

É um horizonte formado ou modificado pelo homem pelo uso prolongado, seja como lugar de residência, de descarte ou de cultivo, no qual haja sinais de adições de material orgânico de variada natureza, em mistura ou não com material mineral, cujas evidências possam ser comprovadas pela presença de artefatos cerâmicos e/ou líticos, ossos, conchas ou vestígios de ação do fogo (carvão e cinzas).

Além da presença obrigatória de uma ou mais das evidências de atividade humana pretérita acima citadas, o horizonte A antrópico necessita atender aos seguintes requisitos, em pelo menos um dos sub-horizontes A (incluindo horizontes intermediários AB, AC e AE):

a. Espessura maior ou igual a 20 cm; e

b. Conteúdo de P extraível (com solução Mehlich-1, Anexo D) ≥ 30 mg kg-1 de solo.

É um horizonte mineral superficial fracamente desenvolvido, seja pelo reduzido teor de coloides minerais ou orgânicos, seja por condições externas de clima e vegetação, como as que ocorrem na zona semiárida com vegetação de caatinga hiperxerófila.

O horizonte A fraco é identificado pelas seguintes características:

a. Cor do material de solo com valor ≥ 4 quando úmido e ≥ 6 quando seco; estrutura em grãos simples, maciça ou com grau fraco de desenvolvimento; e teor de carbono orgânico inferior a 6 g kg-1; ou

b. Espessura menor que 5 cm, não importando as condições de cor, estrutura e conteúdo de carbono orgânico (todo horizonte superficial com menos de 5 cm de espessura é fraco).

São incluídos nesta categoria os horizontes que não se enquadram no conjunto das definições dos demais horizontes diagnósticos superficiais.
Em geral, o horizonte A moderado difere dos horizontes A chernozêmico, proeminente e húmico pela espessura e/ou cor e do A fraco pelo conteúdo de carbono orgânico e pela estrutura, não apresentando ainda os requisitos para que seja caracterizado como horizonte hístico ou A antrópico.

Horizontes Diagnósticos Subsuperficiais Horizontes Diagnósticos Subsuperficiais

É um horizonte mineral subsuperficial com textura francoarenosa ou mais fina, em que houve incremento de argila (fração < 0,002 mm), orientada ou não, desde que não exclusivamente por descontinuidade de material originário, resultante de acumulação ou concentração absoluta ou relativa decorrente de processos de iluviação e/ou formação in situ e/ou herdada do material de origem e/ou infiltração de argila ou argila mais silte, com ou sem matéria orgânica e/ou destruição de argila no horizonte A e/ou perda de argila no horizonte A por erosão diferencial. O conteúdo de argila do horizonte B textural é maior que o do horizonte A ou E e pode ou não ser maior que o do horizonte C.

Este horizonte pode ser encontrado à superfície se o solo foi parcialmente truncado por erosão.

A natureza coloidal da argila a torna suscetível de mobilidade com a água no solo se a percolação é relevante. Na deposição em meio aquoso, as partículas de argilominerais usualmente de formato laminar tendem a repousar aplanadas no local de apoio. Transportadas pela água, as argilas translocadas tendem a formar películas, com orientação paralela às superfícies que revestem, ao contrário das argilas formadas in situ, que apresentam orientação desordenada. Entretanto, outros tipos de revestimento de material coloidal inorgânico são também levados em conta como características de horizonte B textural e reconhecidos como cerosidade.

A cerosidade considerada na identificação do B textural é constituída por revestimentos de materiais coloidais minerais que, se bem desenvolvidos, são facilmente perceptíveis pelo aspecto lustroso e brilho graxo, na forma de preenchimento de poros e revestimentos de unidades estruturais (agregados ou peds).

Nos solos sem macroagregados, com estrutura do tipo grãos simples ou maciça, a argila iluvial apresenta-se sob a forma de revestimento nos grãos inpiduais de areia, orientada de acordo com a superfície destes ou formando pontes ligando os grãos.

Na identificação de campo da maioria dos horizontes B texturais, a cerosidade é importante. No entanto, a simples ocorrência de cerosidade pode não ser adequada para caracterizar o horizonte B textural, sendo necessário conjugá-la com outros critérios auxiliares pois, devido ao escoamento turbulento da água por fendas, o preenchimento dos poros pode se dar em um único evento de chuva ou inundação. Por essa razão, a cerosidade num horizonte B textural deverá estar presente em diferentes faces das unidades estruturais e não exclusivamente nas faces verticais.

Será considerada como B textural a ocorrência de lamelas, de textura francoarenosa ou mais fina, que, em conjunto, perfaçam 15 cm ou mais de espessura, admitindo-se que, entre elas, possa ocorrer material das classes de texturais areia e areia franca.

Em síntese, o horizonte B textural se forma sob um horizonte ou horizontes superficiais e apresenta espessura que satisfaça a uma das condições a seguir:

a. Ter pelo menos 10% da soma das espessuras dos horizontes sobrejacentes e no mínimo 7,5 cm; ou

b. Ter 15 cm ou mais se os horizontes A e B somarem mais que 150 cm; ou

c. Ter 15 cm ou mais se a textura do horizonte E ou A for areia franca ou areia; ou

d. Se o horizonte B for inteiramente constituído por lamelas, estas devem ter, em conjunto, espessura superior a 15 cm; ou

e. Ter espessura de pelo menos 7,5 cm se as condições anteriores (itens de A a D) não forem atendidas. 

Em adição a isto, para caracterização de um horizonte B textural, devem ocorrer um ou mais dos seguintes requisitos:

f. Presença de horizonte E no sequum, acima do horizonte B considerado, desde que o B não satisfaça aos requisitos para horizonte B espódico, plíntico ou plânico;

g. Grande aumento de argila total do horizonte A para o B, o suficiente para caracterizar uma mudança textural abrupta; ou

h. Incremento de argila total do horizonte A para o B, dentro de uma seção de controle definida em função da espessura do horizonte A, suficiente para que a relação textural B/A satisfaça a uma das alternativas abaixo: 

1. Nos solos com teores de argila no horizonte A maiores que 400 g kg-1, relação maior que 1,50; ou

2. Nos solos com teores de argila no horizonte A entre 150 g kg-1 e 400 g kg-1, relação maior que 1,70; ou

3. Nos solos com teores de argila no horizonte A menores que 150 g kg-1, relação maior que 1,80.

i. Quando o incremento de argila total do horizonte A para o B for inferior ao especificado no item (h), o horizonte B textural deve satisfazer a uma das seguintes condições: 

1. Solos com horizonte B de textura média e com ausência de macroagregados devem apresentar argila iluvial, representada por cerosidade moderada sob forma de revestimentos nos grãos inpiduais de areia, orientada de acordo com a superfície destes ou formando pontes que os ligam.

2. Solos com horizonte B de textura média e com estrutura prismática e/ou em blocos de grau moderado ou forte devem apresentar cerosidade no mínimo moderada em um ou mais sub-horizontes da parte superior do B.

3. Solos com horizonte B de textura argilosa ou muito argilosa e com estrutura prismática e/ou em blocos de grau moderado ou forte devem apresentar cerosidade no mínimo comum e fraca ou pouca e moderada (não admitindo, portanto, cerosidade pouca e fraca) em um ou mais sub-horizontes da parte superior do B.

4. Solos com relação textural B/A igual ou maior que 1,4, conjugada com presença de fragipã dentro de 200 cm da superfície, desde que não satisfaça aos requisitos para B espódico.

j. Se o perfil apresentar descontinuidade de material originário entre os horizontes A ou E e o B textural, desde que não exclusivamente, (principalmente solos desenvolvidos de materiais recentes, como sedimentos aluviais) ou se somente uma camada arada encontrar-se acima do B textural, este necessita satisfazer a um dos requisitos especificados nos itens (h) e/ou (i).

Este critério é derivado de argillic horizon (Estados Unidos, 1975, 1999).

Notas:

Os horizontes B textural e B nítico não são mutuamente excludentes. A distinção entre Argissolos e Nitossolos é feita pelos teores de argila, pelo gradiente textural, pela manifestação da cerosidade e pela variação de cor em profundidade no perfil de solo (policromia), conforme critérios constantes na definição de Nitossolos.

A identificação e consideração para fins taxonômicos do gradiente textural em solos com horizonte A antrópico está em fase de estudos. A proposta inicial é que outros critérios, além de gradiente textural, devem ser atendidos para a identificação do horizonte B nesses solos. O perfil RO-08 da RCC de Rondônia é um exemplo (Reunião..., 2017).

É um horizonte mineral subsuperficial cujos constituintes evidenciam avançado estádio de intemperização explícito pela transformação quase completa dos minerais facilmente alteráveis, seguida de intensa dessilicificação, lixiviação de bases e concentração residual de sesquióxidos e/ou argilominerais do tipo 1:1 e minerais resistentes ao intemperismo.

Em geral, o horizonte B latossólico é constituído por quantidades variáveis de óxidos de ferro e de alumínio, argilominerais do tipo 1:1, quartzo e outros minerais mais resistentes ao intemperismo.

Na constituição do horizonte B latossólico, não deve restar mais que 4% de minerais primários alteráveis (pouco resistentes ao intemperismo) ou 6% no caso de muscovita, determinados na fração areia e referidos à fração terra fina. A fração menor que 0,05 mm (silte + argila) poderá apresentar pequenas quantidades de argilominerais interestratificados ou ilitas, mas não deve conter mais que traços de argilominerais do grupo das esmectitas. Não deve ter mais de 5% do volume da massa do horizonte B latossólico que mostre estrutura da rocha original, como estratificações finas, saprólito ou fragmentos de rochas pouco resistentes ao intemperismo.

O horizonte B latossólico deve apresentar espessura mínima de 50 cm, textura francoarenosa ou mais fina e baixos teores de silte. Em geral, apresenta relação silte/argila inferior a 0,7 nos solos de textura média e inferior a 0,6 nos solos de textura argilosa ou muito argilosa na maioria dos sub-horizontes B (exclusive BC) até a profundidade de 200 cm (ou 300 cm se o horizonte A exceder 150 cm de espessura). A relação silte/argila pode não ser atendida quando o solo se origina de sedimentos ou de materiais em que o teor de silte elevado não reflete a presença de minerais primários intemperizáveis.

O horizonte B latossólico pode apresentar, no máximo, cerosidade pouca e fraca. Pode conter mais argila do que o horizonte sobrejacente, porém o incremento da fração argila com o aumento da profundidade é pequeno, de maneira que comparações feitas a intervalos de 30 cm ou menos entre os horizontes A e B ou dentro da seção de controle para cálculo da relação textural apresentam valores menores que aqueles necessários para caracterizar um horizonte B textural.

Alguns horizontes B latossólicos apresentam valores de pH determinados em solução de KCl 1 mol L-1 mais elevados que os determinados em H2O, evidenciando saldo de cargas positivas, características condizentes com estádio de intemperização muito avançado.

A capacidade de troca de cátions no horizonte B latossólico deve ser menor que 17 cmolc kg-1 de argila, sem correção para carbono.

A relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki) no horizonte B latossólico é menor que 2,2, sendo normalmente inferior a 2,0.

O horizonte B latossólico apresenta diferenciação pouco nítida entre os seus sub-horizontes, com transição de maneira geral difusa.

O limite superior do horizonte B latossólico, em alguns casos, é difícil de ser identificado no campo por apresentar muito pouco contraste de transição com o horizonte que o precede, verificando-se nitidez de contraste quase que somente de cor e de estrutura entre a parte inferior do horizonte A e o horizonte B latossólico.

A estrutura neste horizonte pode ser fortemente desenvolvida, quando os elementos de estrutura forem granulares, de tamanho muito pequeno e pequeno, ou fraca e mais raramente de desenvolvimento moderado, quando se tratar de estrutura em blocos subangulares. A consistência do material do horizonte B, quando seco, varia de macia a muito dura e de firme a muito friável quando úmido.

Admitem-se variações de estrutura e consistência (critérios ainda em fase de validação) para os horizontes B latossólicos com caráter retrátil.

Usualmente, o horizonte B latossólico apresenta alto grau de floculação nos sub-horizontes mais afastados da superfície e com menor teor de matéria orgânica, o que evidencia a pouca mobilidade das argilas e a alta resistência à dispersão. Muitos solos de textura média, principalmente aqueles com mais baixos teores de argila e os muito intemperizados com saldo de cargas positivas, podem não apresentar alto grau de floculação.

Em síntese, o horizonte B latossólico é um horizonte subsuperficial que não apresenta características diagnósticas de horizontes glei, B textural, B nítico e plíntico, encontra-se presente abaixo de qualquer horizonte diagnóstico superficial (exceto o hístico) e deve atender a todas as características abaixo relacionadas:

a. Estrutura fraca, moderada ou forte, muito pequena ou pequena granular, ou em blocos subangulares de grau fraco ou moderado;

b. Espessura mínima de 50 cm;

c. Menos de 5% do volume que mostre estrutura da rocha original, como estratificações finas, saprólito ou fragmentos de rocha semi-intemperizada ou não intemperizada;

d. Textura francoarenosa ou mais fina;

e. Relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki) igual ou inferior a 2,2, sendo normalmente menor que 2,0;

f. Menos de 4% de minerais primários alteráveis (menos resistentes ao intemperismo) ou menos de 6% de muscovita na fração areia, porém referidos à TFSA, podendo conter, na fração menor que 0,05 mm (silte + argila), não mais que traços de argilominerais do grupo das esmectitas e somente pequenas quantidades de ilitas ou de argilominerais interestratificados.

g. Capacidade de troca de cátions menor que 17 cmolc kg-1 de argila, sem correção para carbono.

h. Cerosidade, se presente, no máximo pouca e fraca.

Este critério corresponde, em parte, ao oxic horizon (Estados Unidos, 1975, 1999).

Trata-se de horizonte subsuperficial, subjacente ao A, Ap ou AB, que sofreu alteração física e química em grau não muito avançado, porém suficiente para o desenvolvimento de cor ou de unidades estruturais, e no qual mais da metade do volume de todos os sub-horizontes não deve consistir em estrutura da rocha original.

O horizonte B incipiente deve ter no mínimo 10 cm de espessura e apresentar todas as seguintes características:

a. Não satisfazer aos requisitos estabelecidos para caracterizar um horizonte B textural, B nítico, B espódico, B plânico e B latossólico, além de não apresentar cimentação, endurecimento (duripã e horizonte petrocálcico) ou consistência quebradiça quando úmido (fragipã); ademais, não apresenta quantidade de plintita requerida para horizonte plíntico e nem expressiva evidência de redução distintiva de horizonte glei;

b. Apresentar dominância de cores brunadas, amareladas e avermelhadas, com ou sem mosqueados ou cores acinzentadas com mosqueados, resultantes da segregação de óxidos de ferro;

c. Apresentar textura francoarenosa ou mais fina;

d. Apresentar desenvolvimento de unidades estruturais no solo (agregados ou peds) e ausência da estrutura da rocha original, em 50% ou mais do seu volume; e

e. Apresentar desenvolvimento pedogenético evidenciado por uma ou mais das seguintes condições: 

1. Teor de argila mais elevado ou cromas mais fortes ou matiz mais vermelho do que o horizonte subjacente; conteúdo de argila menor, igual ou pouco maior que o do horizonte A (neste último caso, não satisfazendo aos requisitos de um horizonte B textural);

2. Remoção de carbonatos refletida particularmente pelo menor conteúdo de carbonato em relação ao horizonte de acumulação de carbonatos subjacente, ou pela ausência de fragmentos revestidos por calcário (caso o horizonte de acumulação subjacente apresente fragmentos cobertos por calcário apenas na parte basal) ou pela presença de alguns fragmentos parcialmente livres de revestimento, se todos os fragmentos grosseiros do horizonte subjacente encontrarem-se completamente revestidos por carbonato.

 

O horizonte B incipiente pode apresentar características morfológicas semelhantes às de um horizonte B latossólico, diferindo deste por apresentar um ou mais dos seguintes requisitos:

a. Capacidade de troca de cátions, sem correção para carbono, de 17 cmolc kg-1 de argila ou maior;

b. 4% ou mais de minerais primários alteráveis (menos resistentes ao intemperismo) ou 6% ou mais de muscovita, determinados na fração areia, porém referidos à TFSA;

c. Relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki) maior que 2,2;

d. Espessura menor que 50 cm; e

e. 5% ou mais do volume do horizonte com estrutura da rocha original, como estratificações finas, saprólito ou fragmentos de rocha semi ou não intemperizada.

Quando um mesmo horizonte satisfizer, coincidentemente, aos requisitos para ser identificado como B incipiente e vértico, será conferida precedência diagnóstica ao horizonte vértico para fins taxonômicos.

No caso de muitos solos, abaixo de horizonte diagnóstico B textural, B espódico, B latossólico ou horizonte plíntico ou glei que coincidam com horizonte B, pode haver um horizonte de transição para o C, no qual houve intemperização e alteração comparáveis àquelas do horizonte B incipiente, porém o citado horizonte transicional não é considerado um horizonte B incipiente em razão de sua posição em sequência a um horizonte de maior expressão de desenvolvimento pedogenético.

Este critério corresponde, em parte, ao cambic horizon, conforme Estados Unidos (1999, 2014).

É um horizonte mineral subsuperficial, não hidromórfico, de textura argilosa ou muito argilosa, sem incremento de argila do horizonte superficial para o subsuperficial ou com pequeno incremento, traduzido em relação textural B/A sempre igual ou inferior a 1,5. Apresenta argila de atividade baixa ou atividade alta desde que conjugada com caráter alumínico.

A estrutura, de grau de desenvolvimento moderado ou forte, é em blocos subangulares e/ou angulares ou prismática, normalmente composta de blocos. Apresenta cerosidade em quantidade e grau de desenvolvimento no mínimo comum e moderado. O horizonte B nítico apresenta transição gradual ou difusa entre os seus sub-horizontes e pode ser encontrado à superfície se o solo foi erodido.

Para ser identificado como B nítico, o horizonte deve atender aos seguintes requisitos:

a. Espessura de 30 cm ou mais, a não ser que o solo apresente contato lítico ou lítico fragmentário nos primeiros 50 cm a partir da superfície, quando deve ter 15 cm ou mais de espessura;

b. Textura argilosa ou muito argilosa;

c. Estrutura em blocos ou prismática de grau de desenvolvimento moderado ou forte associada à cerosidade em quantidade no mínimo comum e com grau forte ou moderado; e

d. Argila de atividade baixa ou atividade alta desde que conjugada com o caráter alumínico.

Admitem-se variações de estrutura, consistência e cerosidade (critérios ainda em fase de validação) para os horizontes níticos com caráter retrátil, os quais devem atender aos seguintes requisitos:

a. A estrutura observada no solo, se for do tipo em blocos subangulares ou angulares, possui grau de desenvolvimento moderado ou forte; se for prismática, deve ter grau moderado ou forte, que se inpidualiza em blocos também de grau moderado ou forte;

b. A consistência do solo, quando úmido, é no mínimo firme e, quando seco, é muito dura ou extremamente dura; e

c. A existência de cerosidade em grau fraco e quantidade pouca e/ou superfícies de compressão (foscas e/ou brilhantes) é admitida.

Nota: Os horizontes B textural e B nítico não são mutuamente excludentes. A distinção entre Nitossolos e Argissolos Vermelhos ou Vermelho-Amarelos é feita pelos teores de argila, pelo gradiente textural, pela manifestação da cerosidade e pela variação de cor em profundidade no perfil de solo (policromia), conforme critérios constantes na definição de Nitossolos.

É um horizonte mineral subsuperficial, com espessura mínima de 2,5 cm (excetuando o horizonte plácico, cuja espessura mínima é de 0,5 cm), que apresenta acumulação iluvial de matéria orgânica humificada combinada com alumínio, podendo ou não conter ferro. O alumínio está sempre presente nos horizontes espódicos e deve ser essencial à sua formação.

Ocorre, normalmente, sob qualquer tipo de horizonte A ou sob um horizonte E (álbico ou não) que pode ser precedido de horizonte A ou horizonte hístico.

É possível que o horizonte B espódico ocorra na superfície se o solo foi truncado ou se houve mistura da parte superficial do solo pelo uso agrícola.

De um modo geral, o horizonte B espódico não apresenta organização estrutural definida, exibindo tipos de estrutura na forma de grãos simples ou maciça, podendo, eventualmente, ocorrer outros tipos de estrutura com fraco grau de desenvolvimento. No horizonte B espódico, são comuns partículas de areia e silte total ou parcialmente revestidas com uma fina película de material iluvial ou o preenchimento completo ou quase completo do espaço poroso com esse material.

Em função dos compostos iluviais dominantes e do grau de cimentação, podem ser identificados os seguintes tipos de horizonte B espódico, os quais podem ser encontrados isolados ou associados em um perfil de solo:

Bs – usualmente apresenta cores vivas de croma alto. É caracterizado pela acumulação (iluviação) de material amorfo, principalmente alumínio e ferro combinados com baixos conteúdos de matéria orgânica iluvial, exceto por padrões descontínuos na transição entre o horizonte A ou E e o B espódico. Suas cores geralmente estão centradas nos matizes 5YR, 7,5YR ou 10YR, com valor 4 ou 5 (no máximo 6) e croma variando de 4 a 8.

Bhs – é identificado pelo acúmulo expressivo de matéria orgânica iluvial combinada com compostos de alumínio e ferro, que podem estar distribuídos em faixas ou como mosqueados, aglomerados ou estrias, formando padrões heterogêneos no horizonte. Horizontes Bhs contêm quantidades significativas de ferro e alumínio extraíveis por oxalato (Feo e Alo). Entretanto, os limites ainda precisam ser estabelecidos para solos brasileiros. Em geral, os horizontes identificados como Bhs têm matizes variando de 2,5YR a 10YR, valor/croma de 3/4, 3/6, 4/3 ou 4/4.

Bh – é caracterizado pelo acúmulo iluvial de complexos matéria orgânica-alumínio, com pouca ou nenhuma evidência de ferro. O horizonte é relativamente uniforme lateralmente. Dominam, nos horizontes identificados como Bh, cores escuras, com valor < 4 e croma < 3.

Ortstein – o horizonte B espódico também pode se apresentar sob a forma consolidada, denominada ortstein (Bsm, Bhsm ou Bhm). De espessura mínima de 2,5 cm, apresenta-se contínuo ou praticamente contínuo, fortemente cimentado, geralmente por complexos organometálicos. A consistência muito firme ou extremamente firme é geralmente independente do teor de umidade do solo.

Combinações dos horizontes acima podem ocorrer ao longo do perfil (como Bh–Bhs, Bh–Bs ou Bh–Bs–Bsm, etc.), com variações de transição, espessura, padrões de cor e outros atributos morfológicos.

Plácico – outro horizonte que pode ocorrer associado ou como variação do B espódico é o plácico. Constitui um horizonte fino, de cor preta a vermelho-escura, que é aparentemente cimentado por ferro (ou ferro e manganês) e matéria orgânica. Raramente é paralelo à superfície do terreno. Em geral, apresenta-se com forma ondulada e convola (muda de direção) em poucos centímetros.

Este horizonte constitui um impedimento à passagem da água e ao desenvolvimento das raízes das plantas. Existem poucos registros da ocorrência deste horizonte e, portanto, da variabilidade de atributos, tais como espessura e constituição. Em vista do conhecimento atual, o horizonte plácico deve atender aos seguintes requisitos:

a. É cimentado ou endurecido por ferro ou ferro e matéria orgânica, acompanhados ou não de outros agentes cimentantes;

b. É contínuo lateralmente, exceto por fendas verticais espaçadas de, pelo menos, 10 cm através das quais pode haver penetração do sistema radicular; e

c. Tem espessura mínima de 0,5 cm e máxima inferior a 2,5 cm. Quando não está associado a horizontes espódicos e Espodossolos (horizontes B incipientes de Cambissolos, por exemplo), não há exigência de espessura máxima.

O horizonte plácico diferencia-se do ortstein somente pela espessura. Quando presente em Espodossolos, sua espessura é inferior a 2,5 cm, enquanto o ortstein apresenta espessura igual ou superior a esse valor.

Em síntese, o horizonte B espódico é aquele que tem espessura mínima variável, dependendo do seu tipo, com acumulação iluvial de compostos organometálicos, notando-se que o alumínio está sempre presente, podendo ou não conter ferro, e apresenta uma ou mais das seguintes características:

a. Um horizonte E (álbico ou não) sobrejacente e cores úmidas de acordo com um dos itens a seguir: 

1. Matiz 5YR ou mais vermelho;

2. Matiz 7,5YR com valor 5 ou menor e croma 4 ou menor;

3. Matiz 10YR, com valor e croma 3 ou menor;

4. Cores neutras com valor 3 ou menor (N 3/).

b. Uma das cores do item anterior ou matiz 7,5YR com valor 5 ou menor e croma 5 ou 6 ou matiz 10YR com valor 5 ou menor e croma menor que 6 e apresentando uma ou mais das seguintes características: 

1. Cimentação por matéria orgânica e alumínio, com ou sem ferro, em 50% ou mais do horizonte e consistência firme ou muito firme nas partes cimentadas;

2. Quando de textura arenosa ou média, os grãos de areia apresentam revestimentos fendilhados de matéria orgânica e alumínio (podendo ou não conter ferro);

3. Porcentagem de alumínio mais metade da porcentagem de ferro (determinados pelo oxalato de amônio) com valor 0,50 ou maior, sendo este valor pelo menos o dobro do encontrado no horizonte sobrejacente, seja A ou E.

c. Qualquer cor se o horizonte é continuamente cimentado por uma combinação de matéria orgânica e alumínio com ou sem ferro (ortstein), apresentando consistência muito firme ou extremamente firme quando úmido.

Esses critérios são derivados de IUSS Working Group WRB (2015), Isbell (1996) e Estados Unidos (1999).

É um tipo especial de horizonte B textural, com ou sem caráter sódico, subjacente a horizontes A ou E, apresentando mudança textural abrupta ou transição abrupta associada à relação textural com valor dentro do especificado para o horizonte B textural, porém calculado entre o primeiro sub-horizonte B e o horizonte imediatamente acima (A ou E).

Apresenta estrutura prismática, colunar ou em blocos angulares e subangulares grandes ou médios e, às vezes, estrutura maciça, permeabilidade lenta ou muito lenta e cores acinzentadas ou escurecidas, podendo ou não possuir cores neutras de redução com ou sem mosqueados. Este horizonte geralmente é adensado e apresenta elevados teores de argila dispersa em água, podendo ser responsável pela formação de lençol d'água suspenso e de existência temporária.

As cores do horizonte plânico refletem a sua baixa permeabilidade e devem atender a pelo menos um dos seguintes requisitos:

a. Cor da matriz (com ou sem mosqueado): 

1. Matiz 10YR ou mais amarelo, cromas ≤ 3 ou excepcionalmente 4; ou

2. Matizes 7,5YR ou 5YR, cromas ≤ 2.

b. Coloração variegada com pelo menos uma cor apresentando matiz e croma conforme especificado no item (a) (Jacomine et al., 1975a, p. 241, perfil 45); ou

c. Solos com matiz 10YR ou mais amarelo, cromas ≥ 4, combinado com mosqueado de croma conforme especificado no item (a) (Jacomine et al., 1975a, p. 312, perfil 50).

Para fins taxonômicos, o horizonte B plânico tem precedência diagnóstica sobre os horizontes glei e B textural e perde em precedência para o horizonte plíntico, exceto para B plânico conjugado com caráter sódico.

É um horizonte mineral comumente subsuperficial, no qual a remoção ou segregação de material coloidal mineral e orgânico progrediu a tal ponto que a cor do horizonte é determinada principalmente pela cor das partículas primárias de areia e silte e não por revestimento nessas partículas.

O horizonte E álbico deve apresentar no mínimo 1,0 cm de espessura e cores que atendam a uma das seguintes exigências:

a. Valor no solo úmido maior ou igual a 6 e croma no solo úmido menor ou igual a 3; ou

b. Valor no solo seco maior ou igual a 7 e croma no solo úmido menor ou igual a 3; ou

c. Valor no solo úmido maior ou igual a 4, valor no solo seco maior ou igual a 5 e croma no solo úmido menor ou igual a 2; ou

d. Valor no solo úmido maior ou igual a 3, valor no solo seco maior ou igual a 6 e croma no solo úmido menor ou igual a 2.

Excluem-se de E álbico horizontes cuja cor clara seja decorrente de calcário finamente pidido, que age como pigmento branco, bem como camadas arenosas (horizonte C) que satisfazem aos critérios de cor, mas nas quais não se pode caracterizar um processo pedogenético que leve à remoção de materiais do solo.

O horizonte E álbico usualmente precede um horizonte B espódico, B textural, B plânico, horizonte plíntico, horizonte glei, fragipã ou uma camada impermeável que restrinja a percolação da água. Mais raramente, pode estar na superfície por truncamento do solo.

Este critério é derivado de albic horizon segundo FAO (1974) e Estados Unidos (1994, 1999, 2014).

Caracteriza-se pela presença de plintita em quantidade igual ou superior a 15% (por volume) e espessura de pelo menos 15 cm.

É um horizonte mineral B e/ou C que apresenta um arranjo de cores vermelhas e acinzentadas ou brancas, com ou sem cores amareladas ou brunadas, formando um padrão reticulado, poligonal ou laminar. A coloração é usualmente variegada, com predominância de cores avermelhadas, bruno-amareladas, amarelo-brunadas, acinzentadas e esbranquiçadas (menos frequentemente amarelo-claras). Muitos horizontes plínticos possuem matriz acinzentada ou esbranquiçada, com mosqueados abundantes de cores vermelha, vermelho-amarelada e vermelho-escura, ocorrendo também mosqueados com tonalidade amarelada.

As cores claras, que podem representar a matriz do horizonte, possuem matiz e croma conforme especificações que se seguem:

a. Matizes de 2,5Y a 5Y; ou

b. Matizes de 10YR a 7,5YR, com cromas baixos, usualmente até 4, podendo atingir 6 quando se tratar de matiz 10YR.

As cores avermelhadas, brunadas, amareladas e esbranquiçadas, que normalmente representam os mosqueados do horizonte e os variegados, apresentam matiz e croma conforme especificações que se seguem:

a. Matizes de 10R a 7,5YR com cromas altos, usualmente acima de 4; ou

b. Matiz 10YR, com cromas muito altos, normalmente maiores que 6; ou

c. Matizes de 2,5Y a 5Y.

A textura é francoarenosa ou mais fina. A estrutura é variável, pode ser maciça ou em forma de blocos fraca ou moderadamente desenvolvida, ocorrendo também estrutura prismática composta de blocos, sobretudo nos solos com argila de atividade alta. Quando seco, o horizonte plíntico, em geral, se apresenta compacto, de duro a extremamente duro; quando úmido, é firme ou muito firme, podendo ter partes extremamente firmes; quando molhado, a consistência varia de ligeiramente plástica a muito plástica e de ligeiramente pegajosa a muito pegajosa.

O horizonte plíntico comumente apresenta argila de atividade baixa, com relação molecular Ki entre 1,20 e 2,20. Entretanto, tem sido constatada também argila de atividade alta neste horizonte (Anjos et al., 1995).

O horizonte plíntico se forma em terrenos com lençol freático alto ou que pelo menos apresente restrição temporária à percolação da água. Regiões de clima quente e úmido, com relevo de plano a suave ondulado, de áreas baixas como depressões, baixadas, terços inferiores de encostas e áreas de surgente, favorecem o desenvolvimento de horizonte plíntico por permitirem que o terreno permaneça saturado com água, pelo menos durante uma parte do ano, e sujeito a flutuações do lençol freático.

A presença de concreções e nódulos de ferro imediatamente acima da zona do horizonte plíntico pode ser uma comprovação de plintita no perfil, evidenciando, desse modo, uma acentuada influência do processo de umedecimento e secagem nestas seções. Este processo é acelerado quando o material é exposto em trincheiras, valas ou cortes antigos de estrada.

Quando um mesmo horizonte satisfizer, simultaneamente, aos requisitos para ser identificado como horizonte plíntico e também como horizontes B textural, B latossólico, B nítico, B incipiente, B plânico (excetuando-se B plânico de caráter sódico) ou glei, será identificado como horizonte plíntico, sendo a ele conferida a precedência taxonômica sobre os demais horizontes citados.

É constituído de 50% ou mais, por volume, de material grosseiro (com predomínio de petroplintita) do tipo nódulos ou concreções de ferro ou de ferro e alumínio, numa matriz terrosa de textura variada ou matriz de material mais grosseiro. É identificado como qualquer um dos seguintes horizontes: Ac, Ec, Bc ou Cc.


O horizonte concrecionário, para ser diagnóstico, deve apresentar no mínimo 30 cm de espessura.


Quando um mesmo horizonte satisfizer, coincidentemente, aos requisitos para horizonte concrecionário e para horizontes B textural, B latossólico, B nítico, B incipiente, plânico (excetuando B plânico de caráter sódico), glei ou qualquer tipo de horizonte A, será ao horizonte concrecionário conferida precedência taxonômica.


Este critério é derivado de Carvalho et al. (1988), FAO (1990, 1994), IUSS Working Group WRB (2015) e Reunião... (1979a).

 

É constituído por petroplintita contínua ou praticamente contínua. Este horizonte pode englobar uma seção do perfil muito fraturada, mas em que existe predomínio de blocos de petroplintita com tamanho mínimo de 20 cm, ou com poucas fendas, que são separadas umas das outras por 10 cm ou mais.


Para ser diagnóstico, o horizonte litoplíntico deve ter uma espessura de 10 cm ou mais. Este horizonte constitui um sério impedimento à penetração das raízes e ao livre fluxo da água.


O horizonte litoplíntico difere de um horizonte B espódico cimentado (ortstein) por conter pouca ou nenhuma matéria orgânica.


Este critério é derivado de horizonte litoplíntico, conforme Smith et al. (1977), Carvalho et al. (1988) e FAO (1994, 1998).

 

É um horizonte mineral subsuperficial ou eventualmente superficial, com espessura de 15 cm ou mais, caracterizado por redução de ferro e prevalência do estado reduzido, no todo ou em parte, devido principalmente à água estagnada, como evidenciado por cores neutras ou próximas de neutras na matriz do horizonte, com ou sem mosqueados de cores mais vivas. Trata-se de horizonte fortemente influenciado pelo lençol freático e por regime de umidade redutor, virtualmente livre de oxigênio dissolvido em razão da saturação por água durante todo o ano, ou pelo menos por um longo período, associado à demanda de oxigênio pela atividade biológica.

Esse horizonte pode ser constituído por material de qualquer classe textural, e suas cores são de cromas bastante baixos, próximas de neutras ou realmente neutras, tornando-se, porém, mais brunadas ou amareladas por exposição do material ao ar. Quando existe estrutura com agregação, as faces dos elementos estruturais apresentam cor acinzentada, azulada, esverdeada ou neutra como uma fase contínua e podem ter mosqueamento de cores mais vivas. O interior dos elementos de estrutura pode ter mosqueado de contraste proeminente, mas usualmente há uma trama de lineamentos ou bandas de croma baixo contornando os mosqueados. Quando há inexistência de elementos estruturais, a matriz do horizonte (fundo) mais tipicamente apresenta croma 1 ou menor, com ou sem mosqueados.

O horizonte sendo saturado com água periodicamente ou o solo tendo sido drenado deve apresentar algum mosqueado, de croma alto e cores amareladas ou avermelhadas, resultantes de segregação de ferro e precipitação na forma de óxidos. Pode apresentar acumulações sob a forma de mosqueados pretos ou preto-avermelhados, brandos ou semiconsolidados, ou ainda de nódulos ou concreções de manganês ou de ferro e manganês.

Quando presente, o teor de plintita é menor que 15%.

O horizonte glei pode ser um horizonte C, B, E ou A. Pode ou não ser coincidente com aumento de teor de argila no solo, mas, em qualquer caso, deve apresentar evidências de expressiva redução.

Em síntese, o horizonte glei é um horizonte mineral, com espessura mínima de 15 cm, com menos de 15% de plintita e é saturado com água por influência do lençol freático durante algum período ou o ano todo, a não ser que tenha sido artificialmente drenado, apresentando evidências de processos de redução, com ou sem segregação de ferro, caracterizadas por um ou mais dos seguintes requisitos:

a. Dominância de cores, em solo úmido, nas faces dos elementos da estrutura, ou na matriz (fundo) do horizonte, quando sem elementos estruturais, de acordo com um dos seguintes itens: 

1. Cores neutras (N 1/ a N 8/) ou mais azul que 10Y; ou

2. Para matizes mais vermelhos que 5YR e valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem ser iguais ou menores que 1; ou

3. Para matizes 5YR ou mais amarelos e valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem ser menores ou iguais a 2, admitindo-se, para solos de matiz dominante 10YR ou mais amarelo, croma 3, que deverá diminuir no horizonte subjacente; ou

4. Para todos os matizes e quaisquer valores, os cromas podem ser menores ou iguais a 2, desde que ocorram mosqueados de redução.

b. Coloração variegada com pelo menos uma das cores de acordo com um dos itens anteriores; ou

c. Presença de ferro reduzido indicada, em testes realizados no campo, pela cor desenvolvida mediante aplicação de indicadores químicos, como a cor azul-escura desenvolvida pelo ferricianeto de potássio a 1% em solução aquosa ou a cor vermelha intensa desenvolvida pelo alfa, alfa dipiridil (Childs, 1981).

Em qualquer dos casos, as cores de matiz neutro, azulado, esverdeado ou de croma 3 ou menos variam no seu matiz com a secagem por exposição do material ao ar.

Quando um horizonte satisfizer, coincidentemente, aos requisitos para ser identificado como horizonte glei e também como horizonte diagnóstico sulfúrico, B incipiente, B textural, B nítico ou B latossólico, será identificado como horizonte glei, atribuindo-se à condição de gleização importância decisiva para identificação de horizonte diagnóstico em relação aos demais atributos que ocorrem simultaneamente no horizonte. Nos demais casos de coincidência, o horizonte glei não terá precedência taxonômica.

Este critério é derivado de G horizon, conforme Estados Unidos (1951), parcialmente de hydromorphic properties (FAO, 1974), de gleyic properties (IUSS Working Group WRB, 2015) e de cambic horizon (Estados Unidos, 1975, 1999; IUSS Working Group WRB, 2015).

É formado pela acumulação de carbonato de cálcio normalmente no horizonte C, mas pode ocorrer no horizonte B ou A.


O horizonte cálcico apresenta espessura de 15 cm ou mais, é enriquecido com carbonato de cálcio secundário e contém 150 g kg-1 ou mais de carbonato de cálcio equivalente, tendo no mínimo 50 g kg-1 a mais de carbonato que o horizonte ou a camada subjacente.

Este último requisito é expresso em volume, se o carbonato secundário do horizonte cálcico ocorre como cascalhos, como concreções ou na forma pulverulenta. Se tal horizonte cálcico está sobre mármore, marga ou outros materiais altamente calcíticos (400 g kg-1 ou mais de carbonato de cálcio equivalente), a porcentagem de carbonatos não necessita decrescer em profundidade.


Este critério está conforme calcic horizon (Estados Unidos, 1975, 1999).

 

Com o enriquecimento em carbonatos, o horizonte cálcico tende progressivamente a se tornar obturado com carbonatos e cimentado, formando horizonte contínuo, endurecido e maciço, que passa a ser reconhecido como horizonte petrocálcico. Nos estádios iniciais do horizonte cálcico, este tem carbonatos de consistência macia disseminados na matriz do solo ou acumulados em concreções endurecidas ou ambos. O horizonte petrocálcico evidencia o avanço evolutivo do processo de calcificação.


É um horizonte contínuo, resultante da consolidação e cimentação de um horizonte cálcico por carbonato de cálcio ou, em alguns locais, por carbonato de magnésio. Pode haver presença acessória de sílica. O horizonte é continuamente cimentado em todo o perfil, a tal ponto que fragmentos secos imersos em água não fraturam nem desprendem pedaços. Quando seco, não permite a penetração da pá ou do trado. É maciço ou de estrutura laminar, muito duro ou extremamente duro quando seco e muito firme ou extremamente firme quando úmido. Os poros não capilares estão obstruídos, e o horizonte não permite a penetração das raízes, a não ser ao longo de fraturas verticais, que se distanciam de 10 cm ou mais. A espessura mínima é superior a 10 cm, exceto no caso de horizonte laminar sobre rocha consolidada, que será considerado um horizonte petrocálcico se tiver espessura igual ou superior a 1,0 cm.


Este critério está conforme petrocalcic horizon (Estados Unidos, 1994).

 

Tem 15 cm ou mais de espessura e é composto de material mineral ou orgânico cujo valor de pH medido em água (1:2,5; solo/água) é de 3,5 ou menor, evidenciando a presença do ácido sulfúrico. Além disso, deve possuir uma ou mais das seguintes características:

a. Concentração de jarosita; ou

b. Materiais sulfídricos imediatamente subjacentes ao horizonte; ou

c. 0,05% ou mais de sulfato solúvel em água.

Não é especificada a cor da jarosita (que pode ter croma 3 ou maior), nem é requerida necessariamente a sua presença. Horizontes sulfúricos sem jarosita são encontrados em materiais com alto teor de matéria orgânica ou em materiais minerais de um tempo geológico anterior e atualmente expostos à superfície.

Um horizonte sulfúrico forma-se pela oxidação de materiais minerais ou orgânicos ricos em sulfetos como resultado da drenagem, mais comumente artificial. Tal horizonte apresenta condições de acidez altamente tóxicas para a maioria das plantas. Também pode formar-se em locais onde materiais sulfídricos tenham sido expostos como resultado da mineração de superfície, construção de estradas, dragagem ou outras operações de movimento de terra.

Este critério é derivado de Estados Unidos (1994, 1999, 2014) e Bissani et al. (1995).

É um horizonte mineral subsuperficial que, devido à expansão e contração das argilas, apresenta feições pedológicas típicas, que são as superfícies de fricção (slickensides) em quantidade no mínimo comum, e/ou unidades estruturais cuneiformes e/ou paralelepipédicas (Santos et al., 2015), cujo eixo longitudinal está inclinado a 10° ou mais em relação ao plano horizontal, e fendas em algum período mais seco do ano com pelo menos 1 cm de largura.

A sua textura mais frequentemente varia de argilosa a muito argilosa, admitindo-se, na faixa de textura média, um mínimo de 300 g kg-1 de argila. É muito duro ou extremamente duro quando seco e plástico a muito plástico e pegajoso a muito pegajoso quando molhado. O horizonte vértico pode coincidir com horizontes AC, B (Bi ou Bt) ou C e apresentar cores escuras, acinzentadas, amareladas ou avermelhadas. Para ser diagnóstico, este horizonte deve apresentar uma espessura mínima de 20 cm.


Em áreas irrigadas ou mal drenadas (sem fendas aparentes), o coeficiente de expansão linear (COLE) deve ser 0,06 ou maior ou a expansibilidade linear deve ser de 6 cm ou mais.
O horizonte vértico tem precedência diagnóstica sobre os horizontes B incipiente, B nítico e glei.

 

É um horizonte mineral subsuperficial, endurecido quando seco, contínuo ou presente em 50% ou mais do volume de outro horizonte, normalmente de textura média. Pode estar subjacente a um horizonte B espódico, B textural ou horizonte álbico. Tem conteúdo de matéria orgânica muito baixo, a densidade do solo é maior que a dos horizontes sobrejacentes e é aparentemente cimentado quando seco, tendo, então, consistência dura, muito dura ou extremamente dura.


Quando úmido, o fragipã tem uma quebradicidade de fraca a moderada, e seus elementos estruturais ou fragmentos apresentam tendências a romperem-se subitamente, quando sob pressão, em vez de sofrerem uma deformação lenta. Quando imerso em água, um fragmento seco torna-se menos resistente, podendo desenvolver fraturas com ou sem desprendimento de pedaços, e se esboroa em curto espaço de tempo (aproximadamente 2 horas).


O fragipã é usualmente mosqueado e pouco ou muito pouco permeável à água. Quando é de textura média ou argilosa, o fragipã normalmente apresenta partes esbranquiçadas (ambiente de redução) em torno de poliedros ou prismas, os quais se distanciam de 10 cm ou mais no sentido horizontal, formando um arranjo poligonal grosseiro.


O fragipã dificulta ou impede a penetração das raízes e da água no horizonte em que ocorre.


Este critério é derivado de fragipan (Estados Unidos, 1951, 1975, 1999, 2014).

 

É um horizonte mineral subsuperficial, cimentado, contínuo ou presente em 50% ou mais do volume de outro horizonte com grau variável de cimentação por sílica e podendo ainda conter óxido de ferro e carbonato de cálcio. Como resultado disto, os duripãs variam de aparência, porém todos, quando úmidos, apresentam consistência muito firme ou extremamente firme e são sempre quebradiços, mesmo após prolongado umedecimento.

É um horizonte no qual:

a. A cimentação é suficientemente forte, de modo que fragmentos secos não se esboroam, mesmo durante prolongado período de umedecimento;

b. Revestimentos de sílica, presentes em alguns poros e em algumas faces estruturais, são insolúveis em solução de HCl 1 mol L-1, mesmo durante prolongado tempo de saturação, mas são solúveis em solução concentrada e aquecida de KOH ou com adição alternada de ácido e álcali;

c. A cimentação não é destruída em mais da metade de qualquer capeamento laminar que possa estar presente ou em algum outro horizonte contínuo ou imbricado, quando o material de solo é saturado com ácido, mas é completamente destruída pela solução concentrada e aquecida de KOH por tratamento único ou alternado com ácido;

d. As raízes e a água não penetram na parte cimentada, a não ser ao longo de fraturas verticais que se distanciam de 10 cm ou mais.

Este critério corresponde à parte de conceito de indurated pans, segundo Estados Unidos (1951, 1994).

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