Perguntas e respostas Perguntas e respostas

A integração lavoura-pecuária é um sistema que, em princípio, adapta-se a qualquer tamanho de propriedade, desde que as condições edafoclimáticas (clima, solo etc.) não sejam restritivas. Basta lembrar que o plantio consorciado de milho com capim (Jaraguá e Colonião), nas décadas de 1950 e 1960, foi prática comum na implantação manual de pasto nas "roças de toco"; portanto, factível de ser adotada na pequena propriedade. Contudo, em propriedades caracterizadas pelo uso intensivo de máquinas agrícolas e insumos (corretivos, fertilizantes, herbicidas, pesticidas) a escala de produção pode ser determinante da viabilidade econômica do sistema. Assim, é necessário planejamento eficiente, gestão competente e envolvimento de equipe multidisciplinar.

Em solos declivosos, a principal limitação é a mecanização, mas é possível o uso de implementos com tração animal, e a distribuição das faixas de árvores deve ser realizada em curvas de nível. Nas demais situações, já existem conhecimento e tecnologias adaptadas para diferentes condições edafoclimáticas.

Se o produtor não tem experiência com o sistema recomenda-se iniciar o sistema em áreas menores para adquirir conhecimento com os processos e práticas necessárias para a implantação do sistema e, além disso, minimizar riscos de produção e financeiro.

Em sistema de integração lavoura-pecuária, em menos de dois anos é possível obter retorno positivo. Nos sistemas agrossilvipastoris, dependendo das práticas silviculturais adotadas (desramas e desbastes), os retornos positivos podem ser obtidos entre quatro a oito anos.

Na integração lavoura-pecuária, o consórcio de culturas anuais com capins é uma prática comum. E tem por objetivos antecipar o estabelecimento do pasto e a produção de palhada para o plantio direto. No sistema agrossilvipastoril, normalmente, nos dois primeiros anos realiza-se o plantio de culturas anuais (soja, milho, sorgo, arroz) entre as fileiras (aleias ou renques) de árvores com a finalidade de minimizar o impacto negativo no fluxo de caixa e evitar danos dos animais no componente arbóreo. A partir do segundo ano, dependendo da espécie de árvore plantada, é possível plantar as forrageiras (fase silvipastoril). A implantação da pastagem pode ser realizada por meio de consórcios de lavoura de grãos com forrageiras.

A escolha adequada das espécies arbóreas a serem introduzidas é de grande importância para o sucesso do sistema. As árvores devem ser escolhidas de acordo com a adaptação ao local; arquitetura da copa favorável; facilidade de estabelecimento, exigências do mercado para os produtos das árvores; escolha de espécies de rápido crescimento; tipo de raiz das árvores; controle de erosão e escorrimento superficial de águas da chuva, sombra para os animais e compatibilidade com pastagens e gado, ou seja, não apresentando efeitos negativos aos animais, como toxicidade, ou influências negativas para os demais componentes (cultivo de grãos e pastagens). Atualmente, a espécie de maior potencial de utilização no sistema ILPF é o eucalipto devido seu rápido crescimento, oferta de clones adaptados a diferentes regiões, arquitetura de copa rala, elevado rendimento econômico e que proporciona usos múltiplos com a produção de multiprodutos madeireiros e não madeireiros. Outras espécies estão sendo utilizadas, como: acácia (Acácia mangium), paricá, pinho cuiabano (Schyzolobium amazonicum); mogno africano (Kaya ivorensis); cedro australiano (Toona ciliata), canafístula (Pelthophorum dubium), grevílea (Grevillea robusta), pínus Pinus spp. Também há pesquisas com mogno brasileiro (Swietenia macrophila), teca (Tectona grandis), nim-indiano (Azadirachta indica), mulateiro (Calicophylum spruceanum), amarelão (Aspidosperma vargassi), sumaúma (Ceiba pentandra), taxi-branco (Sclerolobium paniculatum), pau-de-balsa (Ochroma pyramidale), gliricídea (Gliricidia sepium), entre outros.

Existem diversos arranjos de sistemas de ILPF que são modulados de acordo com o perfil e os objetivos da propriedade rural. Além disso, essas diferenças nos sistemas se devem às peculiaridades regionais do bioma e da fazenda, como: condições de clima e de solo, infraestrutura, experiência do produtor e tecnologia disponível. A adoção da ILPF pode ser facilitada pela adequada distribuição espacial das árvores no terreno, visando práticas de conservação do solo e água, favorecimento do trânsito de máquinas e a observância de aspectos comportamentais dos animais. Para tanto, o arranjo espacial mais simples e eficaz é o de aleias, onde as árvores são plantadas em faixas (linhas simples ou múltiplas) com espaçamentos amplos. A distribuição das faixas de plantio das árvores é realizada preferencialmente no sentido Leste-Oeste e deverá ser em curvas de nível, impedindo a erosão do solo e a perda de água por escoamento superficial.

Se a finalidade da utilização da madeira for para utilização na serraria, é de extrema importância que a desrama seja realizada com o objetivo de produzir madeira com maior qualidade e livre de nós. Para o eucalipto, a desrama pode ser realizada quando as plantas estiverem com mais de 8 cm de diâmetro à altura do peito (DAP). A altura da desrama não pode ser superior à metade da altura da planta, pois poderá prejudicar o seu desenvolvimento.

O eucalipto é muito eficiente no uso da água, não consome mais água por unidade de biomassa produzida do que qualquer outra espécie vegetal. O consumo de água de uma floresta de eucalipto é em torno de 900 a 1.200 mm por ano.

Não. O conceito de ILPF adotado pela Embrapa engloba modalidades sem árvores (integração lavoura-pecuária) e com árvores (sistema silviagrícola, sistema silvipastoril e sistema agrossilvipastoril).

Sistemas mais intensivos, com uso de fertilização e/ou em associação com leguminosas (pastos consorciados), com lavouras e com o componente florestal, são alternativas para melhorar a eficiência de uso da terra, diminuindo a emissão de GEEs. A utilização de plantas arbóreas de rápido crescimento contribui para a mais rápida decomposição dos resíduos depositados e o aumento da matéria orgânica do solo (MOS) um importante armazenador de carbono, além do carbono estocado na madeira.

A integração lavoura-pecuária-floresta é uma das tecnologias incentivadas pelo Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Programa ABC). O Programa ABC foi criado em 2010 pelo Governo Federal e concede benefícios e créditos para os agricultores que querem adotar técnicas agrícolas sustentáveis. A taxa de juros do Programa é a menor fixada para o crédito rural destinado à agricultura empresarial é de 5,5% ao ano. O prazo de pagamento pode chegar a 15 anos.  Além do sistema de ILPF, o Programa ABC também incentiva iniciativas relacionadas ao plantio direto na palha, fixação biológica de nitrogênio, recuperação de áreas degradadas, plantio de florestas e tratamento de resíduos animais.

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    Publicação

    Integração lavoura-pecuária-floresta: o produtor pergunta, a Embrapa responde

    Na forma de perguntas e respostas, um conjunto de informações relacionadas aos sistemas de integração lavoura pecuária floresta, que busca contribuir para o entendimento da importância desses sistemas, sua implantação, seus benefícios, suas particularidades regionais e principais desafios para ampliar sua adoção em todo o território brasileiro. Portanto, representa um rico acervo de informações práticas que se destinam aos empresários rurais e formadores de opinião que desejam conhecer e adotar adequadamente os sistemas de ILPF.