Equipe trabalhando, em 1996

Criada em 1989, com sede em Campinas, SP, a Embrapa Territorial surgiu por uma demanda da Presidência da República, para atuar no monitoramento do território brasileiro, particularmente nas questões relacionadas à agricultura e ao meio ambiente. A Embrapa já vinha trabalhando com essas tecnologias, com laboratórios instalados, primeiramente, na Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), e, depois, na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP). Com a criação do novo centro de pesquisa, inicialmente chamado de Núcleo de Monitoramento Ambiental e de Recursos Naturais por Satélite (NMA), a área de atuação se consolidou. No ano 2000, ele passou a se chamar Embrapa Monitoramento por Satélite e, em 2017, juntou-se a outras duas estruturas da Empresa, a Embrapa Gestão Territorial e o Grupo de Inteligência Territorial Estratégica, para transformar-se na Embrapa Territorial.

Sede da antiga Embrapa Monitoramento por Satélie, no bairro São Quirino, em Campinas, SP

O Monitoramento Ambiental da Amazônia e o Zoneamento Agroecológico do novo Estado do Tocantins foram os primeiros trabalhos. A instituição também assumiu o acompanhamento de um grupo de agricultores pioneiros em Machadinho do Oeste, RO, iniciado em 1986 pelo laboratório de Jaguariúna. 

Em 1991, o então NMA começou um trabalho que se estendeu por 19 anos, o Monitoramento Orbital de Queimadas de todo o território nacional, com base em dados de satélite recebidos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Estes eram analisados diariamente, de junho a novembro, período do ano em que a ocorrência do problema é mais frequente. As informações geradas eram disponibilizadas em um site, onde o usuário conseguia produzir mapas, selecionando a abrangência geográfica, periodicidade e forma para a espacialização dos focos de calor. 

O centro de pesquisa foi uma das primeiras instituições fora do circuito universitário a ter conexão com a internet, ainda no início dos anos 1990. Assim como o Monitoramento Orbital de Queimadas, vários outros trabalhos tiveram seus resultados publicados na rede de computadores. No final do ano 2000, quando ainda não havia ferramentas como o Google Earth e o Google Maps, a instituição levou para a internet imagens do “Brasil visto do espaço” (acesse pelo Firefox). 

Até então, apenas instituições com equipamentos muito robustos conseguiam acessar os arquivos gigantes das imagens de satélite. A equipe da Embrapa Territorial combinou técnicas de compressão de arquivos, softwares de domínio público e programas desenvolvidos especialmente para isso, para reduzir os arquivos das imagens de modo que pudessem ser visualizadas em navegadores de internet. Uma versão com as imagens menos comprimidas foi comercializada em uma coleção de CDs, um para cada estado do Brasil. 

Em 2012, o centro de pesquisa lançou o Sistema de Observação e Monitoramento da Agricultura no Brasil (SOMABRASIL). Desenvolvido com o apoio da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), o WebGIS foi criado para prover o Ministério da Agricultura com informações para a elaboração e direcionamento de políticas públicas, linhas de crédito e tomadas de decisão para o setor. A ferramenta permitia o cruzamento de planos de informação de recursos naturais, agricultura e dados censitários, e a construção de mapas de acordo com cada interesse. 

O centro desenvolveu instrumentos que possibilitam a identificação e a caracterização de diferentes territórios. São os Sistemas de Inteligência Territorial Estratégicas (SITEs), que analisam os dados em cinco quadros: agrário, agrícola, natural, de infraestrutura e socioeconômico. Foi com a lógica dos SITEs que o centro de pesquisa elaborou o estudo que embasou a delimitação de uma das principais áreas de expansão agropecuária do Brasil, o Matopiba

Em sua quarta década de existência, a Embrapa Territorial segue desenvolvendo soluções para a compreensão da dinâmica espaço-temporal da agropecuária brasileira, atenta aos desafios do processamento de grandes massas de dados e de imagens de satélite, óticas e de radar, para mapeamento de alvos de interesse.